O passeio calcetado já tinha abandonado o casario. Caminhava ao abrigo das copas das árvores que, em tempos, tinham sido o seu teto. O medo, não o sentia. Nascera e crescera no meio da vegetação com os seus habitantes das mais variadas espécies. O cheiro do orvalho noturno daquela noite outonal transportava-a para a meninice. Apesar do frio que já se ía fazendo sentir, não se perturbava. Tão natural como um pé adiante do outro, na caminhada.
Havia cinco anos que deixara, ou melhor, tinha sido expulsa daquele acampamento. Casa de família, cujas origens se perdia nas memórias dos mais antigos, habitual naquelas alturas do ano. Moradas certas que se repetiam ao sabor das mudanças climatéricas.
Já se desacostumara daquelas longas saias, rodadas, que lhe tolhiam os movimentos, enrodilhando-se nas pernas que se exigiam escondidas.
Crescera dócilmente, acatando as regras, motivo de chacota pelos miúdos e graúdos que desconheciam a sua família e as suas tradições. De certa forma, até achava as troças naturais e prova de identificação das suas diferenças.
Com o aproximar da idade mais consciente, verificava que algo estaria errado. Não conseguia prceber bem o quê, mas as voltas da vida encarregaram-se de lhes serem mestre. Aprendera a lição da forma mais violenta, contudo passara com distinção.
A sua posição extremada tinha-lhe servido de exame. A partir daí, transformou-se. Nunca mais foi a mesma.
As luzes, ao longe, piscando na clareira, indicavam-lhe que chegara.
Respirando fundo, ajeitando o lenço na cabeça, embrenhou-se no meio das ervas e arbustos.
(continua)
continua, muito bem...e a deixar-me curiosa.*
ResponderEliminarEstá muito bom.
ResponderEliminarCada vez mais intrigante!
Ó senhora distraída: então não viste o post do selo que eu já tinha postado ontem, aquele do "óscar" dourado da música?
Boanoite! Beijinho!
Intrigante, fascinante!
ResponderEliminarUm "cupido" fora da tribo?
Espero ansiosa e curiosa!
Beijos.
Tens o dom de nos prender à leitura... Quero mais!!!
ResponderEliminarBeijinho,
Ana Martins
Pérola, vc precisa escrever um livro pra mim comprar e ler seus textos a toda hora. Tb estou esperando o decorrer de tudo, ansiosamente. Bjs
ResponderEliminarE a magana não se vinga? Era deitar fogo ao acampamento, que isto de expulsões não é para perdoar! Beijoca!
ResponderEliminarEscreve um livro milheeeeeeeeer!
ResponderEliminarEu cá desconfio que já escreveste livros, e não queres dizer que és escritora profissional...lol.. os jovens tendem sempre a fugir ou a tentar fugirem dos acampamentos ou locais, de onde estão proibidos de sair.. beijos
ResponderEliminarNão gosto de expulsões....
ResponderEliminarfaz-me lembrar lutas sem fim,
com os olhos a chorar.
Mas isso, sou eu a divagar :)
Este texto vai-me apaixonar!
ehehehehe olha ele, o poeta ;):)
Tudo de bom!
Pérola, tomei a liberdade de copiar capítulo a capitulo , para depois com calma lêr o que eu penso que vai sair uma história com um conteudo muito bom, merecedor de quem escreve tâo bem.
ResponderEliminarObrigada pela partilha.
Bjs :))
Lindo lindo, palavras envoltas em algum mistério...Estou desejando de ver a continuação...
ResponderEliminarBeijinho*
Pérola o que eu queria dizer é se posso copiar os capítulos dos seus textos, para depois os
ResponderEliminarlêr.
Posso?.
Tal como nós nos embrenhamos nesta leitura deste texto que nos vai prendendo..
ResponderEliminarQue virá por aí?! Hummm...?!
Amanhã saberemos mais um pouquinho!
Beijinhos,
Uma personagem que pela descrição nos vai atraindo cada vez mais.
ResponderEliminarBelas descrições.
Beijinho