Aqueles dois anos, apesar das rotinas habituais, foram desassossegados. Até perfazer desasseis anos continuou a estudar na companhia de Matilde e dos meninos da Herdade nos tempos mais frios do ano.
A pressão revelou uma Samara mais aplicada, com mais vontade de ser dona do seu medo. Apesar de todas as dificuldades era a melhor aluna. Os professores surpreendiam-se com tamanho empenho e trabalho.
Dedicando-se por inteiro à aprendizagem, encontrava conforto nas conversas e amizade dos companheiros de brincadeiras da Herdade das Mimosas, onde se sentia compreendida.
Gonçalo visitava-a semanalmente, possibilitando um conhecimento maior do que pretendia ser seu marido.
Gostava dele, mas um fosso repleto de maneiras diferentes, opostas até, de encarar a vida, aumentava cada vez mais.
A identificação com as vidas e projetos de Matide e dos três irmãos Tavares crescia tanto quanto a sua maturidade. Integrava a família de Matilde e as vidas dos adultos das Mimosas eram-lhe referências.
Imaginava-se de poiso certo, vivendo em casa sólida, com emprego e depois, talvez, casando.
O noivado alargado tinha-lhe desperto o interesse pelo género masculino duma forma nova. Dava por si a discutir relações, sentimentos, com João, o mais ponderado e sensato. Contudo, era em Luís, o sonhador do grupo, que encontrava maior calmaria. Entendiam-se muito bem. Quase não necessitavam de articular palavras para se adivinharem.
Os olhos brilhantes de Luís transmitiam-lhe segurança, uma paz nova.
Inconscientemente começou a fazer comparações e, com o decorrer do tempo, o casamento com Gonçalo parecia-lhe uma realidade da qual não queria ser membro.
A liberdade chamava-a e esta não se encontrava no cumprimento de tradições e promessas impostas.
(continua)
isto promete...*
ResponderEliminarGosto muito do nome Matilde :)
ResponderEliminarBem...vou ter que ler de princípio :)
Até onde nos vais levar?
ResponderEliminarbeijinho*
Olá Pérola.
ResponderEliminarFico curiosa pelo seguimento...
Beijinhos grandes.
Agrada-me a personalidade de Samara!
ResponderEliminarNão vai ceder às tradições!
Beijos.