Na praia

Nas inevitáveis visitas à água, a toalha ensopa-se.
A minha assiduidade no percurso ganha ao ritmo da evaporação.
Procuro a humidade da toalha sob mim.
Na moleza preguiçada o corpo pede-me imobilidade impossível.
Os raios escaldantes empurram-me de novo para o mar.
Este recebe-me em abraços frescos, beijando-me por inteira.
Nem o chamamento do areal banhado pela ondulação airosa me demove.
Caminhar? Não me parece.
Regresso á intimidade da frescura da toalha que me acolhe até nova visita oceânica.
No marasmo quente deste abandono apetecido . . . sinto-me.
Sem impedimentos e carências acessórias.
Basta-me o contraste do calor com a fresquidão da água.
Moro em intermitências permitidas no verão.