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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Patrícia - (1)

Agastada pela insistência das amigas, arranjava-se. Deixara o dia de trabalho, camuflado de Bytes, no seu computador dedicadamente arrumado na pequena sala onde improvisara o escritório. 
Patrícia, jovem mulher , ambiciosa profissionalmente, dispensava bem as férias impostas por lei e pela empresa.
Naquela dia, não teve hipótese de recusar o convite para uma 'noitada de mulheres', como lhe chamavam as amigas menos comprometidas. 'Seria um belo inicio de férias', asseguravam-lhe. 
Patty, carinhosamente assim chamada pelos mais íntimos, pensava no que poderia adiantar no trabalho que a esperava após o intervalo forçado.
Um pouco desajeitadamente esforçava-se em seguir as 'dicas' do mulherio. 
Escolhera um vestido vermelho, saído diretamente do saco da marca, guardado há anos. Nunca tivera oportunidade de o usar. Dera-lhe um jeito com o ferro e depois de vestido permitiu-se admirar o reflexo do espelho. A cor assentava harmoniosamente na sua tez de cigana. Escureceu os cílios e 'abusou' nos lábios vermelhos. 
Quase não se reconhecia. 
A roupa de executiva e tons neutros não a favoreciam enquanto mulher.
'Talvez nem fossa má ideia sair, mudar de ambiente', pensou.
Tocaram duas vezes com intermitências combinadas. Chegara a altura de descer e juntar-se ao grupo.
Foi alvo de elogios vários das colegas e sorriu com vontade.
O entardecer convidava a um aperitivo. Escolheram uma esplanada onde a roupa dos clientes era reduzida. 
Afinal estavam à beira-mar. 
Com a noite a cobrir o mar de prata decidiram-se por um restaurante de peixe. Suficientemente perto para gozarem no passeio da brisa marítima e não magoarem os pés com os sapatos que a ocasião exigia.
Como a mesa estava reservada, o local não podia ser melhor. Patricia ficou junto à janela, a poucos metros da marina onde iates de tamanhos vários balançavam no lago calmo.
As entradas leves, salpicadas de marisco abriram-lhe o apetite. 
Olhando o branco, salpicado pelo azul e vermelho, da maioria das embarcações, deteve-se num veleiro em madeira. 
Simplesmente lindo!
Como deveria ser maravilhoso navegar perto da costa e ir parando em portos por explorar.
Ao beberricar o seu Martini seco repara num homem bastante bronzeado que parecia ocupado na manutenção. De tronco nu e esforçndo-se afincadamente,
Sem esperar, este olha-a e fixa-lhe os olhos brilhantes, destacando-se do resto da cor do seu corpo tostado pelo sol. Seriam verdes, na certa, quase apostando consigo.
A observação retribuída deixou Patricia suspensa no tempo. Era-lhe como um íman, impossível de resistir.

(continua)


13 comentários:

  1. Passei e surpreendi-me mas como sempre gostei muito...!

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  2. irresistível, assim nos seduzimos com os ventos no bronze do horizonte.
    b
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  3. Este escrito parece-me o início de uma excelente narrativa.
    Já estou ansiosa para saber o que vai acontecer a seguir.
    Muitos parabéns.Tem uma escrita apaixonante.
    Continuação de uma boa semana.
    saudações da
    Beatriz BLOG - VIDA E PENSAMENTOS
    http://pegadasdeanjo.blogspot.com

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  4. Que a paz e a luz divina lhe acompanhe hoje e sempre!Assim seja! :)

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  5. A história promete... Vou aguardar a continuação, Pérola.

    Beijinho.

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  6. Isso não se faz!! ...
    deixar a meio ... :))

    Beijinhos

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  7. Palpita-me que isto vai acabar com ela a pedir o gozo das férias não usadas em anos anteriores...
    Bem, mas o melhor é aguardar para ver.
    Beijos

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  8. O primeiro "clic" surgiu!

    Veremos no que dá!

    Beijinhos.

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  9. O teu blog está lindo! parabéns
    Gostei do texto, espero pela continuação
    Beijinhos

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  10. Adorei ,mas agora fiquei com curiosidade do resto ,que espero que seja breve,beijinhos

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