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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Psiuuu . . . é Segredo !



Há um mundo dentro de mim
por onde esvoaçam lembranças
tão presentes.

Fez-se história no tempo,
a saudade apareceu
no colo do passado,
mas este bando alado
persegue-me bem cá dentro.

É o teu sorriso vadio
que não me larga a pele, 
o toque do teu querer.

São os teus jeitos
entremeados de palavras doces,
desenhando gestos 
que eu pinto
da cor do teu beijo.

É a tua mão
procurando a minha
com promessas de um corpo só.

É a tua boca,
qual água fresca em dia de estio,
percorrendo-me de cor,
levando-me ao prazer.

Tudo isto mora em mim, 
bem cá dentro,
 segredo guardado
com selo atrevido,
esperançosa possibilidade
de te amar uma vez mais.





segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Dúvidas minhas - sem chão .



Não há nada mais banal do que a decisão, aquele impulso ou vontade que nos leva por ali.
Encontramo-nos em permanente escolha mesmo que de cariz passivo.
Por vezes desconhecemos a génese destes gestos, alheamo-nos das próprias atitudes e agimos com uma naturalidade quase divina.
Como se não pudesse ser de outra forma  . . .

O condicionamento educacional, social e o que pensamos ser consciência só nossa 
transporta-nos para consequências impensáveis.
O simples facto de por o pé fora da cama em determinado momento pode não ser coisa pouca.

Uns dizem que nada acontece por acaso, 
outros proclamam a responsabilidade individual e/ou colectiva fonte do acontecer.
Em que ficamos ?

É uma questão por demais debatida, eu sei.
Contudo, não consigo chegar-lhe 
e as dúvidas invadem-me, inquietam-me e, sem querer, 
faço viagens fora de tempo em estradas sem saída e acabo sempre no mesmo lugar.

Esta coisa de viver não é linear, os carris raramente se alinham, 
e verdades absolutas só no reino das crenças.

Continuo na tal coisa do 'só sei que nada sei'.
Será assim só para mim?

É que estou cansada de me encher de dúvidas,
gostaria de provar as certezas . . . ando esfaimada delas.

Frase Se você é capaz de ser feliz quando


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Suavidade Curva




É caminho sinuoso,
este de te percorrer.

Vestem-te serranias,
lagos e recantos a descobrir.

Faço-me ao caminho,
pois as minhas curvas
anseiam por ser preenchidas,
por ti,
no recorte da tua paisagem.


Perco o fôlego
na tua imensidão,
o mundo que és,
encontro-me por veredas perfumadas,
de declives gemidos,
suspirando por explorações tuas.

Por entre e vales,
entre tu e eu,
haverá sempre o odor do amor,
do desejo e da  paixão,
bússola nossa,
leme de encontros sem arestas
onde somos fusão
dispensada de retas,
linha de contornos teus
alinhavada no meu seio,



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Sou . . .



Sou no arrepio do teu toque,
nas palavras à toa,
qual pretexto pueril 
para  me achegar de lábios teus.

Sou só fisico no teu olhar,
a alma perdeu-se
em outro mundo,
só nosso,
por onde me escrevo
nas letras do teu amor.

Sou mendiga do teu beijo,
peregrina em teus vales,
radical nas tuas alturas,
só te querendo 
bem perto.

Sou a espera e a procura
de ti,
em sôfrego desejo.
das tuas mãos em mim,
cingindo-me fortemente,
como nó cego
em laço de veludo.

Sou assim,
pele seca,
em busca da tua humidade,
da tua boca,
 do teu corpo
por onde me sou.


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Do Passado



Passaram-se dias, horas, instantes
e com eles
também me fui.

Restam sombras desses tempos,
recordações teimosamente guardadas,
lembranças sem corpo
e de alma distorcida.

Não se podem deitar fora?

Pois se a existência é vazia
e a mente é único espaço de morada.





Quero despir-me de quereres fora de moda,
alhear-me de desejos em desuso,
deitar fora o passado.

No frio solitário do agora,
deixa-me chorar,
tremer na inutilidade de mim,
errar por caminhos ocos,
sem eco,
por onde não me sei.

Já atravessei pretéritos,
peregrina no presente
que serei no futuro?

Sou uma falha,
erro da natureza,
por onde o tempo
não deveria ter perdido tempo.



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Poemar-se



Queria escrever-te um poema,
com versos rimados,
de sílabas combinadas.

Não consegui poemar-me,
pois se as letras se revoltaram,
as palavras desfizeram-se de sentido,
e eu emudeci de lápis em riste.

A folha branca recebia
os riachos do meu sal,
lágrimas engrossadas 
pelo tempo que se ía.

No meu silêncio,
tanto sentir se debatia,
os quereres declaram-me guerra
era como campo de batalha 
de emoções,
do desejo que queria ser poema.

'Poema-te' - era a ordem da minha essência.
Tanta luta azedou-me o íntimo,
escondeu-me a alma
em fuga de mim.

O Mundo virou-se do avesso
e nele o sentido,
o sopro da inspiração
acenavam trocistas.

Tola sou eu!
De vontades pequenas,
desprovidas de razão,
incoerente em mim,
pois se poeta não sou.

Que o poema seja livre,
sem hora, tempo ou lugar.

Se é para acontecer 
que viva na leveza do instante,
fortuito,
liberto de amarras,
fluindo em tudo
e por nada,
como brisa da madrugada,
orvalho beijando a terra.

Oh! Como queria poemar-me!




terça-feira, 14 de outubro de 2014

Hannah Arendt




O Google tem destas coisas boas: relembra pessoas, factos, enfim História que deve ser reconhecida ou aprendida.

Quanto a mim, agradeço a possibilidade de saber desta pensadora fascinante. Possui ideias que me fazem refletir, filosofias a explorar.

Fiquei fã!

E tu? Já a conhecias?



Escravo de Si Mesmo

"A suposição de que a identidade de uma pessoa transcende, em grandeza e importância, tudo o que ela possa fazer ou produzir é um elemento indispensável da dignidade humana. (...) Só os vulgares consentirão em atribuir a sua dignidade ao que fizeram; em virtude dessa condescendência serão «escravos e prisioneiros» das suas próprias faculdades e descobrirão, caso lhes reste algo mais que mera vaidade estulta, que ser escravo e prisioneiro de si mesmo é tão ou mais amargo e humilhante que ser escravo de outrem. "

Hannah Arendt, in 'A Condição Humana'




domingo, 12 de outubro de 2014

Sem chave



Espreito!
Por essa fresta
que a falta de chave permite.

Adivinho-te os contornos,
sei-os de cor,
sinto-te a pele macia,
veludo que quero vestir.

Estás tão perto,
mas é como se 
todas  as fechaduras do mundo
se trancassem entre nós.

Como ladrão furtivo,
deito-te mais uma olhadela
pois se és irresistível!

Cobiço-te o jeito da mão no cabelo,
quero-a em mim.

Tenho saudades do corpo
contra o meu
em frenesim sem destino.

Quero beber dos teus lábios,
saciar-me no teu amor,
abandonar-me no teu olhar,
adormecer entrelaçada
em tuas pernas,
sentir o teu coração 
pulsando comigo.

De tanto querer,
de tanto te desejar,
tolda-se-me o olhar,
sou traída pela visão,
fazendo  um último pedido:
" que as portas se escancarem,
espreitar-te não me basta,
quero-te todo!"


sábado, 11 de outubro de 2014

Pensamentos sem chão



Vã ilusão é a da escolha!
Pensa-se decidir,
assumir o controle,
tomar o leme de si.
Avalia-se
pondera-se,
na racionalidade
como se quisera ser responsável,
consciente,
cidadão daqui.

No jogo universal
sopra uma poeira inusitada,
uma qualquer condicionante
não considerada,
e caem por terra planos,
sonhos embrionários,
desmembra-se o ser
soltando o que houvera querido.

É-se bolha de ar, 
grão de areia,
gota de água.
O mundo não seria igual
sem cada um, 
mas,
de longe,
até poderia parecer.

Existe-se no que se conhece,
finitude de si,
limitado por  fronteiras
sem linhas,
mero ponto cósmico.

Acomoda-se no alheamento,
disfarça a ignorância
e vai arquitectando fantasias
futuros aprendidos,
objectivos que chama seus.

Vã é a mente,
ou será esta a ilusão?


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

fogo meu



Urge acalmar o grito
que me queima,
borralho de pensamentos insanos.

Essa ansiedade sem fim,
onde a vida é combustível,
alimento incessante,
em ateares de pavio curto.

Na carência da tranquilidade,
vou-me asfixiando
na mordaça do fumo,
dou-me à insensatez
de fogos pegados.

Sou emergência solitária,
em chama,
perdida,
sem socorros apressados
pois minha urgência
é ardor escondido,
meu grito mudo,
um fogo só meu
neste querer de ser urgente,
ser alguém por aí.
e . . . descoberta,
apagado na frescura de um beijo.


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Quero . . .



Quero despir esta pele de outras modas,
matar essa vida
para,
logo de seguida,
renascer noutra a estrear.


Já não me quero assim,
de silhueta deformada
na erosão de tanta maré.


Morre-se tantas vezes,
ressuscita-se outras tantas
menos uma,
quantas ainda terei?

Cansada de me ser,
por vazios só meus me extingo,
anseio por outro reflexo
no espelho do 'eu'.



Que venham os prazeres culpados,
brancas sejam as páginas
neste mar
que volta a encher.

Quero ser o primeiro olhar
pela orvalhada da madrugada,
deslumbrado na inocência do novo,
com cores de promessas
de dia inteiro por ser.

Quero apagar-me
para, 
no instante seguinte,
me voltar a escrever
por rumos de felicidade,
sem passado,
de futuro feito.


sábado, 4 de outubro de 2014

Por entre . . .


Por entre os vincos da noite 
que ainda me aquecem a pele
vou vagueando no despertar lento,
no falso silêncio da madrugada.

Na cama desfeita,
por entre lençóis amarrotados,
aninho-me no colo da dormência,
sem querer dar sinais de mim.

Pois se ainda agora te sentia,
ouvia a tua respiração ritmada,
pele com pele
em nudez total.

Foi um entardecer sem escuridão,
um sonho caído na realidade,
foste tu a acontecer nesta cama redonda.

Por entre o 'não querer'
e o sol que me chama,
desisto.

Quedo-me neste vale sem arestas
onde tudo é bom, 
com cheiro a ti.



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A Cru


Sei de cor
o caminho da rotina.
Deixo que os olhos
se adormeçam um pouco mais,
delegando no resto do corpo
o que tem de ser.
A cru,
enroupo a cor do dia,
adio a lavagem de cara.
Afinal ainda não acordei.
Lá fora sei de trânsito,
pessoas mais valentes do que eu,
azafamadas em gestos impacientes.
Dizem que é a vida,
obrigações encafuadas
na mala,
junto das chaves,
do telemóvel 
e dessa vontade de fugir dali.
Sonhar ser-se outro/a,
noutros hemisférios,
para lá das fronteiras
de paralelos que sufocam,
enfermam o nosso 'eu'.
A cru,
vou-me desgastando,
esfumando-me 
neste tem que ser.
Desapareço,
sem que se importem,
Afinal,
como se mede o valor de mim?