O Amor, Meu Amor
"Nosso amor é impuro
como impura é a luz e a água
e tudo quanto nasce
e vive além do tempo.
Minhas pernas são água,
as tuas são luz
e dão a volta ao universo
quando se enlaçam
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar
depois de te abraçar para não sofrer.
E toco-te
para deixares de ter corpo
e o meu corpo nasce
quando se extingue no teu.
E respiro em ti
para me sufocar
e espreito em tua claridade
para me cegar,
meu Sol vertido em Lua,
minha noite alvorecida.
Tu me bebes
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,
meus dentes beijam,
minha pele te veste
e ficas ainda mais despida.
Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha própria espera.
Mas eu deito-me em teu leito
Quando apenas queria dormir em ti.
E sonho-te
Quando ansiava ser um sonho teu.
E levito, voo de semente,
para em mim mesmo te plantar
menos que flor: simples perfume,
lembrança de pétala sem chão onde tombar.
Teus olhos inundando os meus
e a minha vida, já sem leito,
vai galgando margens
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do mar."
Mia couto
Magnífico *.*
ResponderEliminarMaravilhoso querida amiga ,muitos beijinhos feliz semana
ResponderEliminarMia couto nos emudece...nao tem o que falar depois de o ler... belo
ResponderEliminarO dia fez-se noite. A lua passou a ser sua confidente.
ResponderEliminarLinda escolha, Ele merece.
Bj
Uma delícia como é tudo o que Mia Couto escreve
ResponderEliminarMaravilhosa poesia! Lindo dia! bjs, chica
ResponderEliminarLindo é sempre um prazer ler Mia Couto.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa semana.
Lindo e envolvente.
ResponderEliminarbjokas =)
Lindo, amei.
ResponderEliminarBeijos, tudo de bom Pérola!
Mariangela