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quarta-feira, 24 de junho de 2015

* De mim *



Semeio-me por terras estéreis,
embrulho-me na onda sem praia,
espraio-me em serranias sem mar,
desaguo-me em beco sem saída.

Procuro o avesso de mim,
em ventanias que me desnudam,
para voltar a perceber
que sou erro sem perdão,
escrita sem borracha,
em mundos de tempestade.

Decalco-me em dualidades
multiplicadas pela incerteza,
dúvidas tatuadas,
em verbos por acontecer
na solidão de existir.

Pérola



domingo, 21 de junho de 2015

D' Paz e d' Amor



"Certos graus de amor só são perceptíveis 
a partir da impossibilidade de se exercerem 
ou da ameaça de não poderem jamais vir à tona."
Artur de Távola




Bilhete

"Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, 
e o amor mais breve ainda..."

Mário Quintana


quarta-feira, 17 de junho de 2015

Das malas, férias e afins . . .




Confesso gostar muito de férias.

Afinal, quem não gosta?

Contudo, tenho um problema, 
para não dizer uma doença, 
na hora de fazer as malas.

Que hei de levar?
E se chove?
E se preciso de bikini mesmo na neve?
E se houver uma ocasião que exija uma roupa mais produzida?
E se precisar de chinelos?
E se a carteira fica horrível com o calçado?
E se . . ., e se . . . ui, ui ! ! !
São imensas, as dúvidas.

Parece o Apocalipse.

Pois bem, tenho alguns truques:

* Tento focar-me na duração e no local da estadia.
*Escolho uma cor ou uma peça 'indispensável' e começo a selecionar o que poderá ser usado com o tal objeto forçado a dar o mote.
* Coloco os montes por secção em cima da cama
(casacos, tops, calças, interiores e por aí fora).

Os meus truques revelam-se sempre volumosos e incomportáveis (só para avisar).

* Faço uma segunda ronda e mais uma terceira.

Por último, toca a emalar.



Claro que nunca há espaço, as malas, sacos e necessaires são tão pequenos, mas tão minusculos, só visto.

Penso que alguém me compreenderá, não?

A bem ou a mal, lá acabo no destino.

Tem alturas que fico contente por ter exagerado 
pois tenho escolha e até empresto coisas minhas, 
porém o pior vem depois.

Aquando do regresso a casa, 
o desempacotar, 
para além da depressão pós férias, 
relembra-me como fui inconsciente e tão pouco prática.

Volto à trabalheira de (des)arrumar coisas a que não dei uso ( a maioria).


Desta vez, 
vou experimentar usar o esquema abaixo.

E contigo, como é na altura de fazer mala???



"Se todo o ano fosse de férias alegres, 
divertirmo-nos tornar-se-ia mais aborrecido do que trabalhar."
William Shakespeare


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Da Diferença


Wodaabe man from Niger

Enchem-se nossos egos
em alheamento de diferenças,
soprando poeiras de outros mundos,
outros jeitos,
como se deuses pudessemos ser.

Gostam-se de semelhanças,
parecenças em tudo desiguais,
ditando leis de comparação,
assemelhações enviesadas,
como se as verdades estivessem ali.

Embrulham-se uniformidades,
padrões como caminhos a cumprir,
para sossego de muitos,
no calar de gritos
no direito de (querer) ser diferente.

Cansam-me tais conexões,
submissões convenientes,
quando é tão mais fácil
ser mais um(a).

Habito na contramão,
navego em desarmonias,
de diversidades universais,
sem permissão,
da diferença consumada.




sábado, 13 de junho de 2015

Tem um fio . . .



Tem um fio de vida
escapando-me por entre respirações,
no novelo de histórias por contar.

Tem um fio de cabelo,
tecendo-me a aparência em caracóis,
na espera do teu deslizar de dedos.

Tem um fio sem prumo,
equilibrando-me por breves intermitências,
no instante em que sonho seres meu.

Tem um fio de ligação,
agarrando-me em nós de desejo,
no querer ser teu destino.

Tem um fio com nós,
alisando-me em (em)baraços de amor,
por onde as palavras ganham sentido,

Tem um fio que não se vê,
que me acorrenta a ti.



quarta-feira, 10 de junho de 2015

. longe .



faço-me ao mar,
nesta noite de luar;

levo-me de rumo traçado,
sem desvios ou demoras;

quero-me bem perto de ti,
de boca na boca;


navego-me na cobiça
de te tocar;

encurto-me na distância
do teu corpo;


pois se há um oceano
que nos separa,
um tempo com pressa,
um desejo a queimar,
esse querer desmedido
a chamar por ti;

nessa lonjura de tudo,
assalto o pudor,
cedo a tentações
e . . . 
faço-me ao mar.



terça-feira, 9 de junho de 2015

DesejosTalvez




Tem esse chão sem fim,
o horizonte muito para
além de mim.

Tem esse desejo dorido,
o mundo que
se quer colorido.

Tem meu grito mudo,
minha dor controlada,
até um dia.

Não quero ter !

Basta-me ser !

Talvez o olhar turvo
de paixão,
quiçá o instante
do êxtase
em que existes em mim.

Talvez a loucura
sem fronteiras,
peias ou correntes,
de sorrir,
por entre marés felizes,
onde tu e eu 
nos consumimos.





sexta-feira, 5 de junho de 2015

Encruzilhadas



Há um sonho rebelde,
aquela viagem por iniciar,
uma vida à espera.

Adivinha-se o perfume
da flor não cheirada,
o passo acorrentado à terra,
a vontade que não passa
de desejo.

Provo da dúvida
destas encruzilhadas,
dos desassossegos
onde me assusto,
me perco,
e não (me) sei.


Há outras em mim,
medos por matar,
um não sei do quê
onde moram
fragmentos precisados
para me ser,
inteira.