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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

The World

Tanta diferença,
tanta cor, 
tanto mundo!


Sou,
apenas,
mais um ponto,
uma pincelada 
por escorrer,
das mãos
de um pintor 
por nascer.

Sou vida
sem ser nada,
o todo
em partícula ínfima.

Sou desigualdade
em terra fértil
de uniformidades
suprimidas
no grito do ser,
de eco mudo.

Sou diferença,
sou cor,
sou (o) mundo !

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

por entre dedos


Sei de cor
cada linha de tua mão,
o perfume do teu toque,
a temperatura da tua pele,
a humidade da maresia
que se solta 
por entre dedos.

De olhos fechados
percorro cada curva,
rumo sem norte,
em estrada de 'nós'
trazidos na maré,
por entre dedos.



segunda-feira, 24 de outubro de 2016

floral

Brotam flores
do teclado
onde te escrevo.

Chove lá  fora,
primavera-se aqui.

Não sei que te diga,
as palavras soltam perfume,
as pétalas cobrem-me o olhar.

É tudo floral
na germinação da Web.

sábado, 22 de outubro de 2016

de ti


Desdobras o teu olhar
em vincos doces,
como se estendesses toalha
em preparação de banquete.

Dasatas tuas mãos
em nós mansos,
como se servisses doçura
em mesa de sobremesas.

Dasabotoas o teu corpo
em prazer insinuado,
como se te oferecesses
em época de natal.

Desalinhas teu cabelo
em loucura sem espera,
como se desorganizasses
a cama onde me deito.

Desagregas o meu ser
em fusão plena,
como se quisesses
suspender-me em ti.


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

em bicos de pés


Aclara-se o som,
solta-se a melodia,
no balanço do teu ritmo.

Cresço,
em bicos de pés,
sobrando-me
em peso
que já não é meu.

De extremidades frias,
arrepio-te um sorriso,
estremeço-te um olhar
em dança só nossa.

Ensaia-se o tom,
cristalino,
 como poesia
em forma de ti.

Deslindam-se intimidades
na pauta sem claves,
página branca,
por onde rodopiamos
escrevendo toadas
no calor do teu corpo.



domingo, 16 de outubro de 2016

com pérolas


Só porque sabes
do meu gosto 
por pérolas,
não me podes 
aprisionar nelas,
fazer-me refém
das tuas fantasias,
de teus desvarios,
das tuas vontades
mais secretas.
Pois, 
não podes!
Mas, eu deixo!
Prende-me,
ata-me...
... com pérolas.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Cristalizada

Percorro cada instante,
agarro o momento
de cada urgência minha,
como se fora eternidade,
em premente necessidade
da tua quietude,
do teu afago,
de ti.

Trilho cada miragem,
revolvo o olhar
em cada profundidade minha
como se fora caminho,
em inevitável iminência
da tua margem,
da tua proximidade
da tua orla.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

da tentação


"A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder a ela!"

(tradução literal)

Oscar Wilde


Alguém me fala da tentação,
eu não entendo.

Fico-me no instante,
perco-me no olhar,
em cegueira supérflua.

Sobejo-me em 
desenfreados pensares,
esqueço-me de respirar.

Livro-me dela, ao ceder?
Resisto-lhe?
Ou abro a caixa de bombons
e,
simplesmente,
provo o manjar,
em tentação?!



"Posso resistir a tudo, menos à tentação."

Oscar Wilde


domingo, 9 de outubro de 2016

sem palavras



São palavras os teus beijos,
com que me escreves,
 onde me conto.

Histórias pontuadas
em plenitudes exclamadas,
reticentes ou sem ponto final.

As interrogações fazem parte
da  ortografia que te é peculiar,
usa-las na ponta dos dedos,
de mãos cheias.

Riscas-me o ser
por entre traços
que emergem intimidades,
escondidas,
segredos desconhecidos,
em transcendências do mais além,
profundidades
que desejo.

A tua caligrafia sabe de mim,
em letras inscritas 
com o teu corpo,
nas cartas sem selo,
no teu querer manuscrito.

São livros os teus lábios,
com que me romanceias,
onde me folheio.

Pérola


terça-feira, 4 de outubro de 2016

presa



São laços de veludo
que me prendem,
vermelho escarlate
ou púrpura divino,
não o sei.

Limitam o vento,
e a chuva 
que cantam
lá fora,
onde não chego.

Quero lançar
minhas pétalas
ao espaço,
em vácuo
que me será casa,
onde me preencho 
e serei completa.

São correntes
enlaçadas,
ferrugem amaciada no tempo,
ilusão da suavidade
de cadeado por  abrir.

Estou presa em mim, 
algema em veia
a passar-me no coração.

Pérola


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

humanidades em questão


Porque sangra alguém
por decisão de outro?

Porque não dás a mão
a quem a ti suplica?

Porque a guerra 
se tornou regra?

Porque a indiferença
faz mais estragos 
do que a diferença?

Porque há tanta alma
sem corpo
e corpos sem almas?

Porque sou assim?

Porque a voz do olhar
não é suave e meiga?

Porque não escolhemos
o amor?



sábado, 1 de outubro de 2016

... quero ...


Quero traduzir-te
sem idioma.

Quero legendar-te
sem palavras.

Quero decifrar-te
sem pudor.

Quero adivinhar-te
sem noção.

Quero descobrir-te
sem roupa.

Quero ler-te
sem fôlego.