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sexta-feira, 31 de julho de 2015

tem tempo(s)



Tem tempo este vagar manso,
a suavidade de um amor paciente,
na espera, 
sem horas, 
de ti.

Tem tempo este querer sem fundo,
a ternura de um desejo sem voz,
na delonga do teu trote.

Tem tempo esta esperança enfeitiçada,
a magia de um adormecimento confiante,
na entrega que se adivinha.

Tem tempo, faz tempo,
são calendários desfolhados,
nesta minha vida em suspenso.

Porque tardas?



quarta-feira, 29 de julho de 2015

em metades


De vez em quando, perco-me !

Racho-me em metades 
que se soltam
como pétalas de flor madura.


Perco-me, de quando em vez!

Devoro-me em fragmentos desgovernados,
pedaços meus,
em busca da inteireza de mim.





segunda-feira, 27 de julho de 2015

! Com Medo !


Adivinho água fresca
no ribeiro 
que tropeçou em mim.

Hesito na travessia,
as pedras estão soltas,
escorregadias,
a desafiarem-me
em chamamento ardiloso.

Há um caminho,
mais além,
a vereda que devo escolher.

Que faço?
Pois se meus pés se calçaram
no medo . . . de mim . . . do mundo.


sexta-feira, 24 de julho de 2015

quero



Quero amar-te nesse espaço
entre nossos corpos,
na imperfeição do mundo 
na fragilidade de acontecermos.

Quero ser-me em ti,
fundir-me no calor de impossibilidades,
deixar as explicações 
esquecidas no fundo mar
para,
tão só,
te amar.

Permite-me,
amor,
cobrir essa distância,
repleta de desnecessidades
com a minha pele inacabada,
em perfeita tentação.

Quero-te no tempo fugaz,
da geração onde respiramos,
onde me dói 
só de pensar em ti.



quinta-feira, 23 de julho de 2015

Em sonhos . . .


O sonho chama por mim
e eu vou . . .

Persigo o beijo por dar,
grito aos ventos
que te quero
como quem
traga a vida
com um só gole.

Recolho meus fragmentos
em busca de ti,
correndo no acerto da tua voz,
na plenitude do desejo.

O sonho me chama
e eu tenho de ir,
quero esse beijo demais . . .




quarta-feira, 22 de julho de 2015

Doçura de receita . . .



Adiciono à nata do teu corpo
o açucar do meu desejo,
incorporo-lhe uns frutos vermelhos,
como paixão em ferida,
e eis a minha bagunça preferida:
o doce de te amar!



sábado, 18 de julho de 2015

Amor meu



O vento fez-se ao mar
e nele embarquei como clandestina.
Deixo-me levar
na ondulação uivante
como sopro vital.

Sou mar,
sou vento,
já nem sei.

Aporto noutro hemisfério,
continente desconhecido,
por onde deslizo
na respiração de ti.
como fantasma.

Abraço-te o sono,
beijo-te a respiração,
revogo-me em tua respiração,
na poeira da quietude
do vento quebrado.



quinta-feira, 16 de julho de 2015

Para o teu fundo



Desço-me por degraus
que me chamam,
oceanizo-me na descida
do abismo que és tu.

Para o teu fundo
é meu tempero,
sal da minha vida,
exigida no desejo
de tuas águas.

Dissolvo-me em fogos molhados,
 toques sem pudor,
onde és mar meu
e eu,
tua naufraga,
presa no querer-te
aqui e agora.

Adoço-me na escala decrescente
onde te sei,
para o teu fundo
é minha fortuna.



sábado, 11 de julho de 2015

Corte e Costura



Entorno este desejo 
na ponta da agulha 
a olhar-me por entre dedos.

Alinhavo humidade de beijo
no fio com que teço
a costura de te querer.

Vejo-te no fundo da linha
em que me debato
por coser.

Nasço em cada fiada
na sutura do teu corpo
que me visita 
por entre cortes e costuras.