segunda-feira, 30 de maio de 2016

Dependurada



Autorizei-me a desocupar o corpo,
de pele macia e sangue quente,
para me dependurar ali.

Ausentei-me de lutas,
guerras e ilusões
para me quedar por aqui.

Permiti-me outras escolhas,
o ar repleto de outros sensos,
a consciência de me ser 
como pérola,
criada em incómodos alheios,
crescida em marés de direção trocada.

Sei-me concerto sem clave,
intuição sem bravura,
arbitro em jogo próprio,
reflexo de espelho por inventar
como se não me bastasse.

Acho-me no cabide,
dependurada em madeira viva
como se a vida me esperasse
em ternos convites
de juras e promessas.

Larguei-me por agora,
por entre suspiros já cansados.

Engole-me a desordem,
a variedade confusa
da inconstância de me ser,
limitações que não me servem,
preferências por crivar.

Dilemo-me na variação da opção,
na fronteira do que posso
ou sou . . .

13 comentários:

Unknown disse...

Maravilhoso querida amiga ,adorei do princípio ao fim querida amiga ,sempre um prazer imenso aqui estar ,muitos beijinhos no coração.

Cidália Ferreira disse...

Como sempre, habituaste-nos a boas pérolas poéticas

Beijinhos
Espero-te, lol

Edum@nes disse...

Está chegando o calor,
no cabide penduraste a roupa
não deixes que o teu amor
se apaixone por uma louca!

Boa noite e bons sonhos,

A Casa Madeira disse...

Inteiramente belo;
Bom começo de junho que se aproxima.

Elvira Carvalho disse...

Um poema com a qualidade e excelência a que nos habituou.

Abraço

Pedro Coimbra disse...

A vivenciar uma fase de dúvidas e questões??

Bell disse...

Adorei,

bjokas =)

Mona Lisa disse...

As eternas interrogações de uma mulher!

Excelente poema!

Beijinhos.

Mona Lisa disse...

As eternas interrogações de uma mulher!

Excelente poema!

Beijinhos.

ZULMIRA ROMARIZ disse...

Belo poema, incertezas, dúvidas, enfim, é melhor ficar por um «pouco»
dependurada, bjs Pérola

artista sem pena disse...

Num mundo de tantas alternativas como hoje em dia, por que na~o a escolha de se ausentar de vez em quando?
Gostei!

SOL da Esteva disse...

Despirmo-nos do "eu" antigo e olhar a Vida do lado de fora deixa-nos ver uma nova perspectiva de nós mesmos.
Poema delicioso.


Beijo
SOL

Guaraciaba Perides disse...

Uma poesia perfeita no seu senso lírico de uma alma feminina
Um abraço