domingo, 15 de dezembro de 2013

Triste



Com os músculos doridos a reclamarem, despertou. O  passeio forçado prolongara-se no tempo bem como  o sentimento torturado da rejeição que a asfixiava. 

Ainda não percebera o que lhe doía mais, a sua credulidade ou o desamor alheio. Estava irritada, furiosa, consigo, com o mundo e principalmente com Ele. 

Bem, as prioridades estavam trocadas. 
A bem da verdade, Ela era a principal responsável. 
Nos outros não tinha controle e só lhe restava a opção de aceitar ou optar por qualquer outro tipo de relação, inclusive a indiferença.

Deixou-se levar pelo trilho de madeira enquanto o cansaço aguardava pelo tempo. Desanimada, parou no final do pontão e absorveu aquele fim de tarde. 
Como se fosse a última inspiração!

A baía perfumada de maresia convidava-a a juntar-se-lhe. Banhar-se de tal forma que a limpeza lhe levasse as tristezas.

Descalçou-se e ao sentar-se os pés foram acariciados pelo veludo gélido do mar. O arrepio veio de imediato e fê-la esquecer-se, por instantes, da mágoa tatuada em si. Uma marca que transportaria para sempre. Cicatriz ainda em chaga, arrependimento sem volta.

À dor insuportável respondeu com um arrancar de vestido.
Mergulhou e deixou de sentir . . . penas amorosas.

12 comentários:

Francisco disse...

Muito triste mesmo :(

Laura Santos disse...

Trágico!...:-(
xx

Lua Singular disse...

Nossa!
Quanto sofrimento!
Será que merecemos?
Beijos
Lua Singular

nos"entas!!!! ( e feliz) disse...

Que existem dores assim existem....mas será que merecem que desistamos de viver??
Não....
Mas que custa, custa!
Jinhus minha querida

Cidália Ferreira disse...

Bom dia
Que texto triste, embora lindo..

Desejos de uma semana feliz.
Beijos

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Ritinha disse...

Puxa! que triste!
Mas algo que pode acontecer, ninguém está imune a tristeza.
Obrigada pelo carinho.
bjs
Excelente semana
Ritinha

SOL da Esteva disse...

O sofrimento é algo que (pode) deve ser controlado dentro do racionalismo do Espírito.
Doutro modo, as "penas" que nos envolverão, tornar-se-ão o nosso tormento, na permanência.
Belo e... triste.


Beijos


SOL

Magda Carvalho disse...

Tanto sofrimento.
"Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. (Caio Fernando Abreu)

José Carlos Sant Anna disse...

Às vezes se desfaz na água do mar, às vezes nas nuvens. A água sempre depurando. Mas a depuração do sofrimento pela linguagem como você o fez é o que não de se perder...
Beijos, Pérola!

Nilson Barcelli disse...

Às vezes é bom mergulhar em qualquer coisa para que se vão as "penas amorosas"...
Magnífico texto, gostei imenso.
Pérola, querida amiga, tem uma boa semana.
E um Feliz Natal.
Beijos.

Beatriz Bragança disse...

Minha querida
Este texto tem tanto de lindo como de triste! Que a tristeza vá embora,depressa...
Fique bem,fique feliz.É Natal.Está viva. E tem muito quem a aprecie,creia.
Um grande abraço
Beatriz

Mona Lisa disse...

Deprimente, mas belo!

Beijinhos.