terça-feira, 26 de maio de 2015

O Mundo és Tu !



O mundo és tu,
nele me sei
ao perder-me
por não saber de ti.

Levaste-me 
para parte incerta
ao soltares a resignação
do mal acorrentado
em teu respirar.

Partiste,
quebrando meu chão,
deixando-me só
na deriva de me tentar ser.

O mundo ainda és tu
por onde te procuro,
te busco,
em pescarias de outrora,
sem a paciência 
de me igualar a ti.

Na ausência
de teu farol,
resto-me na saudade,
desisto-me,
em renúncias
que nunca aprovarias.

Amo-te tanto!

Foste, 
és 
e serás 
o meu grande amor.
(Não possuo outra forma de amar.)

Aguardo o teu resgate,
o teu sinal,
por mim,
onde o mundo és tu.


Margarida Farinha





segunda-feira, 25 de maio de 2015

Provocadora



Teu jeito invasivo,
teu olhar disposto,
tua palavra semeada,
deixa-me sem limites.

És assim,
como ponto sem retorno,
um pretexto sem argumento,
uma interrogação sem pergunta.

Ai, quem me dera!
Saber ler tua mensagem,
decifrar teus códigos,
matar tuas fronteiras,
desatar teu nó,
em enleamentos só nossos
como se fora provocadora.
Ai!
Quem dera! 



Oferta de mar


Desembrulha-se o mar
por entre laços de maresia,
em papéis amarrotados
na humidade dos salpicos.

É o mundo que me chama,
em oferta de promessas,
com nova maré,
salgando-me de recomeços
por demais desejados.

Mera ilusão,
fantasia desvairada,
esta de me querer entregar,
na inteireza de mim.





segunda-feira, 18 de maio de 2015

Como orvalho



Aquieta-se a noite nos primeiros raios de sol.,
antigua-se o desejo de ontem
no (re)começo de outro.

Desdobro a ânsia de te ver acordado,
quedo-me como bicho
na espera de luz.

Os teus braços amornam-me a pele,
vestem-me como o orvalho da manhã
que adorna o lá fora.

Olho-te na fresquidão do regaço 
que aurora,
no colo oferecido por entre
palavras por dizer.

Escorro-me como gota matinal
nos jeitos de teu cabelo,
macio,
 como o desabrochar tenro 
de semente longe do fruto.

Faz-se o dia,
na poeira da noite,
como orvalho de prazer,
em madrugada por acontecer,
onde tu és meu.




domingo, 10 de maio de 2015

Descansada



Descanso no aperto de garganta
nesse nó que abraça,
na vontade de saltar 
a poça do tempo.

Repouso em tuas palavras,
verbo escorregadio,
mensagens sem garrafa.

Demoro-me na velocidade
de lentidões perdidas,
leito do que sonhei,
por entre mantas enroladas,
de rosto marcado
em descanso . . .



quinta-feira, 7 de maio de 2015

. . . banquete . . .



 . .. dou a mão à tarde
que se anoitece . . .

. . . acendem-se as luzes
da minha vontade . . .

. . . preparo um banquete
para quem me quer bem . . .

. . . dispo expectativas
e ponho o avental de mim . . .

. . . espero . . .



domingo, 3 de maio de 2015

É a vida !


Brotou a vida
sem porquês ou incertezas.

Veio no rio sem rumo,
galgou margens 
e disse que sim.

Viajou no tempo,
não olhou para trás
ao ritmo do coração.

Sulcou esperanças,
plantou lágrimas,
por entre vales,
mares e oceanos.

Ajeitou o olhar,
dobrou as lembranças,
abriu mão do sonho
e deixou-se ser.


quinta-feira, 30 de abril de 2015

Sem 'Nós'


Gosto do silêncio do Mundo,
onde entranço a solidão,
no medo de me olhar.

Gosto do desfiar de afetos,
onde a imaginação me sorri,
na fantasia de me ser.

Gosto do nó de cordas,
onde desato o meu grito,
no desejo de me ouvir.

Gosto do mar do amor.
onde sorvo as gotículas,
nas ondas de me sentir.




sábado, 25 de abril de 2015

Por acontecer . . .



Na loucura de imaginar teu beijo,
balanço na vontade de mais.

Acolho a vertigem do quase real,
sei-te neste equilíbrio de desejo comum,
perco o rumo 
em ânsias de ti.

Vem!
Não temas!

O Mundo, 
lá fora, 
não é pertença nossa.

Quero essa fusão
de almas,
de corpos,
de insuspeitáveis apetites,
só nossos.

Desfaleço no abismo 
de te saber,
na espera do teu beijo
que me apetece.




domingo, 19 de abril de 2015

Depois de ti . . .


Desdobro o cheiro ainda enlaçado pelo branco do lençol enrugado.

Que lhe importa?


A indiferença do seu poder cresce na impaciência da minha inalação.


O odor é tudo.


Percorre-me sem autorização, torna-me refém, prisioneira, ao sabor da minha entrega.


Nesta posse evaporada por entre dedos, sou-me no leito do ainda há pouco.


O cheiro não se alisa, mas continuo a desdobrá-lo . . .






sábado, 18 de abril de 2015

Rosa e coral



Floresço no rosa,
perco-me nas profundezas do coral,
sou assim,
menina de cabeça nas nuvens,
de fantasias recortados
em contornos renovados.

Perco-me nos finais,
pinto os recomeços,
de coral,
de rosa,
como rapariga de sempre.

Quero ser esse balão,
sorriso cheio
de contágios cor de rosa.

Apetece-me o coral,
o oceano de cor,
por onde me sonho
e sei ser feliz.




sexta-feira, 17 de abril de 2015

. . . teu olhar . . .



Derramaste teu olhar sobre mim,
viraste-me do avesso
viajando em contradições
que nem o tempo lembra.

Despiste meu corpo, 
minha mente,
minha alma,
com teus olhos,
à revelia das palavras.

Trocaste o curso do rio
por onde me sou,
desinquietaste-me vontades,
julgadas adormecidas,
surpreendeste-te em mim,
eu sei.

Vestiste o olhar 
que se me colou,
o qual não consigo despir
muito menos lavar,
em pele a chamar por ti.

Derramaste o teu olhar sobre mim,
quente,
em avassaladoras recordações
de hoje, 
quiçá,
de sempre.




terça-feira, 14 de abril de 2015

Confusa



Há dias em que os minutos se transformam em infância, sonho ou em surrealidade inesperada.
Dizem-me que o tempo, refletido na idade, ensina, é mestre, traz paciência, compreensão, quiçá sabedoria.

Eu não sei . . . desconfio.

Ele há dias estranhos, em que tudo parece ser possível de acontecer. O estranho toma conta do que nos cerca e, pouco a pouco, somos nós a ficarmos 'fora do normal'.

Tenho passado, últimamente, por instantes, dias, deste teor.

Confundem-me, o controle é coisa longíqua e de nada valem os meus pensamentos, as minhas decisões.

Os acontecimentos atropelam-se e quedo-me espetadora surpreendida da vida que não precisa de convite ou explicação.

A vida acontece, eu não entendo e talvez seja assim mesmo.

Há em mim uma procura, a tal demanda das verdades, das regras universais que me confortariam.

Na sua ausência, vivo na sobrevivência do que me deixam ser, do que me permito ou sei ser..., somente.

Não sei...mesmo, de verdade.




segunda-feira, 6 de abril de 2015

De mim . . . para mim.



Caminho nesse campo
por onde o tempo
me é sombra,
em perseguição doentia.

Demoro-me nesse cheiro
que é meu,
nessa melodia
onde me sou,
por esse trilho
que chama 
por mim.

Quisera eu
outro caminho,
outra via,
nua de tempo,
sem ontem
nem amanhã,
somente eu.

Rasgo calendários,
não uso relógio,
mas não sei do rumo,
qual o destino
por onde o tempo não passa.


P.S. Peço desculpa a todos os meus amigos blogosféricos que se mantém por aqui.
Tenho andado um pouco ausente, 
confesso que morro de saudades de vos visitar.
Espero, bem breve, a todos saudar.
Obrigado pelo vosso carinho!
Não sei que faria sem este 'era tudo muito bom' onde, 
por vezes,
 o menos bom também se faz de convidado.



quinta-feira, 26 de março de 2015

Com saudades . . .


O tempo trouxe o pó das recordações,
o cheiro de rio na minha pele,
aqueles anos onde cresci,
sem o saber,
sendo feliz na aventura.

Na sombra do tempo,
vieram as saudades,
a consciência do que sou
pelo que fui
ou deixei de ser.

Lavei o presente desse tempo,
sacudi o pó das suas botas,
limpei o seu caminho
e por ele me embrenhei,
destemida,
em demanda de voltar a ser.

Uma vez mais,
dependuro a infância,
a secar do banho de nostalgia,
ainda a escorrer lembranças
da menina que sou.


terça-feira, 24 de março de 2015

Lá . . . onde moro.



Habito irregularidades
de outro mundo
onde visões de cores,
 por etiquetar,
me assombram,
me deixam no abismo da loucura.

Por lá deixo correr a imaginação,
tudo é possível 
no faz de conta
da minha verdade.

São enredos que me transformam,
projetos de vontades,
sonhos por cumprir
a chamarem-me,
lá, 
da outra parte de mim.

Minha casa é a fantasia,
pensamentos que me escapam,
segredos só meus,
onde sou anjo, 
demónio e sei lá que mais,
mas, 
sempre na ilusão de me ser,
de poder ser-me.





quinta-feira, 19 de março de 2015

Quero voltar a esse ninho . . .



Tenho um pai
mestre em arquitectura,
construiu um ninho 
para onde posso voltar
com lágrimas na bagagem.

É um lar com cheiro a doce,
local único,
por lá nada de mal me acontece,
tenho a certeza.

Meu pai carrega 
esse aconchego com ele,
tatuou-o em sua pele
e só nele me sei.

Perdida na ausência de seus braços,
sem o seu ninho,
onde volto a ser menina
e o seu olhar me protege,
resto-me por recordações
feridas por cicatrizar.

Com saudades,
ando perdida,
paizinho,
para onde foste?


Um amor assim !

segunda-feira, 16 de março de 2015

Tudo !




Não te disse já?
Quão tola sou!?

Agarro a lua,
sou o sol,
nada mais que o teu tudo.

Tolice minha,
a de querer ter-te
como luz dona das trevas,
devorar-te por inteiro,
ser buraco negro
de onde não queres voltar.

Fazes-me enlouquecer,
esquecer-me de ciclos,
fases ou tempos
pois se és o  meu tudo,
mundo sem fim,
por onde sou senhora de ti.

Deixa-me que te diga!
Ouve de mansinho!

Minha pele fala-te,
meu corpo te sussurra,
meu coração ecoa 
pelo infinito.

Não ouves?

Sou tudo
onde tu me és tudo.



sexta-feira, 13 de março de 2015

Michael Bublé - Close Your Eyes [Official Music Video]

Mergulho de mulher



No instante mais veloz
que o pensamento
viajo no salto das sensações.

Sou assim,
como velocidade furiosa,
percebendo
que já lá não estou,
sempre adiante,
mais à frente.

Puxada pelo tempo,
ainda olho para trás,
chamando-me,
vendo os arrastados pensamentos
na minha sombra,
lá atrás.


Quedo-me,
mas já mergulhei,
sem saber,
em mim.





terça-feira, 10 de março de 2015

Hoje apetece-me música !


No abraço do Sol
acorda novo olhar,
vontade inesperada,
desejo pecador.

Há um novo 'eu' a despertar.

Visto-me de luz, 
sonho,
embalada nesta dança só minha.

A felicidade é a ausência de pensamento,
aquele momento onde me sou, sem mais.

Pérola


P'ra Você
Paula Fernandes

" Eu quero ser p'ra você
A alegria de uma chegada
Clarão trazendo o dia
Iluminando a sacada

Eu quero ser p'ra você
A confiança, o que te faz
Te faz sonhar todo dia
Sabendo que pode mais

Eu quero ser ao teu lado
Encontro inesperado
O arrepio de um beijo bom
Eu quero ser sua paz, a melodia capaz
De fazer você dançar

Eu quero ser p'ra você
A lua iluminando o sol
Quero acordar todo dia
Pra te fazer todo o meu amor

Eu quero ser p'ra você
Braços abertos a te envolver
E a cada novo sorriso teu
Serei feliz por amar você

Eu quero ser p'ra você
A alegria de uma chegada
Clarão trazendo o dia
Iluminando a sacada

Eu quero ser p'ra você
A confiança, o que te faz
Te faz sonhar todo dia
Sabendo que pode mais e mais e mais

Eu quero ser ao teu lado
Encontro inesperado
O arrepio de um beijo bom
Eu quero ser sua paz, a melodia capaz
De fazer você dançar

Eu quero ser p'ra você
A lua iluminando o sol
Quero acordar todo dia
Pra te fazer todo o meu amor

Eu quero ser p'ra você
Braços abertos a te envolver
E a cada novo sorriso teu
Serei feliz por amar você

Se eu vivo p'ra você
Se eu canto pra você
P'ra você

Eu quero ser p'ra você
A lua iluminando o sol
Quero acordar todo dia
P'ra te fazer todo o meu amor

Eu quero ser p'ra você
Braços abertos a te envolver
E a cada novo sorriso teu
Serei feliz por amar você

Eu quero ser p'ra você
Eu quero ser p'ra você
P'ra você"


domingo, 8 de março de 2015

Trago nas mãos


Trago nas mãos
o voo da andorinha,
o sol a prometer-me dia.

Abro mão,
solto as mortes da saudade,
vida passada de mim.

Pelas mãos
sou vontade, desejo,
ao sentir cada vez mais.

Trago nas mãos
o nada de ser algo,
o tudo de ser mulher.


Abro mão de quem fui
pelas mãos do que sou,
trazendo nas mãos
a esperança de agarrar o  mundo.


quarta-feira, 4 de março de 2015

Perdida



Hoje vou mesmo por aí . . .
perder-me . . .
sem norte . . .
alhear-me de mim . . .
só vou!




domingo, 1 de março de 2015

Por entre Intermitências . . .


"Não chegamos realmente a viver durante a maior parte da nossa vida.
Desperdiçamo-nos numa espraiada letargia a que, 
para nosso próprio engano e consolo, 
chamamos existência.
No resto, vamos vagalumeando, acesos apenas por breves intermitências."
Mia Couto


Lampejas-me em momentos
iluminados de prazer,
em que me amas,
chamas tua,
me ateias por completo.

Vens carregado de promessas,
fogo devastador
em que me envolves,
devorando-me inteira
como faúlha em palha seca.

Existo nessas intermitências,
no calor desse ardor,
em que me consomes
de ânsias apressadas,
em que somos fogueira,
queimadura que dói.

Acordas-me da vida fria,
em ousada impaciência,
ao tornar-me viva
na explosão dos sentidos,
no abismo de me ser.

Acendes-me o olhar,
o brilho de desejo,
a vontade despida 
de me consumir em ti,
por entre intermitências . . .