sábado, 21 de fevereiro de 2015

Sempres e Nuncas


A partida


"Ao partir, 
disseram-me: voltarás sempre. 

Parecia um consolo.

Era uma condenação.

Odeio o sempre.

Nos lugares
da vida carecidos, 
o sempre é o pior dos nuncas."

                                                                  Mia Couto
                                                                  "Vagas e Lumes"


De tanto querer Sempre
Nunca me basto,
Sempre me sobro.

Sempre de mãos vazias
busco sem Nunca me querer,
por primaveras Sempre ansiadas.

Sou eu,
com Sempre e Nuncas,
sem Nuncas e Sempres.

Por saciar,
Sempre na inquietação 
de Nunca me saber,
projeto inacabado de Sempre me ser
sem Nunca entender.

Pérola


domingo, 15 de fevereiro de 2015

Smplesmente



Como raíz em procura de outra terra,
atrevo-me,
faço-me ao caminho
e abraço-te, só.
Deixo a minha seiva
escorrer pelo teu  universo sem fim,
floresço no abrir caminho,
por aí,
em céus estrelados,
galáxias por conhecer.
Sou vida,
respiração vital,
o mundo que reclama ser,
pulsar intenso,
em demanda de ti,
meu tudo,
a casa que quero habitar.
Simplesmente, abraço-te
como toque de firmamento
entre a terra e o ar.



sábado, 14 de fevereiro de 2015

Je t'aime com Pablo Neruda


Para não Deixar de Amar-te Nunca

"Saberás que não te amo e que te amo 
pois que de dois modos é a vida, 
a palavra é uma asa do silêncio, 
o fogo tem a sua metade de frio. 

Amo-te para começar a amar-te, 
para recomeçar o infinito 
e para não deixar de amar-te nunca: 
por isso não te amo ainda. 

Amo-te e não te amo como se tivesse 
nas minhas mãos a chave da felicidade 
e um incerto destino infeliz. 

O meu amor tem duas vidas para amar-te. 
Por isso te amo quando não te amo 
e por isso te amo quando te amo. "

Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor" 




quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

São gostos . . .



Gosto do olhar que me despe,
das palavras que me extasiam,
do húmido do teu corpo.

Gosto desses dedos marotos,
do que ainda ficou por fazer,
do tanto que me dás.

Gosto de desejos loucos,
vontades doidas,
alheias à sensatez,
do momento prolongado
nesse 'quero mais'.

Gosto do teu gosto,
das tuas conversas carnais,
dos sentires por onde me perco
e me sei.

Gosto do amor com cheiro,
sabor a pele
por entre bocas ávidas,
em bailado desvairado,
ao ritmo da nossa luxúria.

Gosto-te tanto . . .



terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Tem dias



Tem dias em que o céu chora,
derrama seu pranto sobre nós,
esconde o sol,
esvai-se em lágrimas sem sal.

Tem dias em que a morte suspira,
estende seu manto sobre nós,
recolhe a vida,
espraia-se em recomeços sem final.

Tem dias em que o nascimento acontece,
sopra seus ventos sobre nós,
usurpa a felicidade,
oferece-se em sorrisos sem sinal.




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Assim sou eu . . .



Embrulho-me no aconchego de mim
em prolongada hibernação.

Esquecida pela vida,
pela primavera
que tarda a dar sinais de si.

Assim sou eu,
perfume guardado
para especiais ocasiões,
flor congelada no tempo.

Deixo a letargia 
chamar-me sua,
porém, 
a espera de novo viço alenta-me,
sei do Sol que me derreterá
e a ele me entregarei.

Cobrem-me gelos de tristeza
para serem motivos de troça
de raios de alegria.

Assim sou eu.
Flor que acredita !




segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Do teu beijo !

Diz-me o teu beijo
tudo aquilo que preciso saber.

Conta-me do barulho do mar,
do voo do sonho
que é preciso conhecer.

O teu beijo sussurra-me
o quão sou especial,
que nada é vão.

Mostra-me o mundo,
deixa-me escolher
quando só quero 
ser aprendiza do teu beijo.

Diz-me o teu beijo
a depuração de me ser,
inteira, solta no estremecimento
da tua boca.

Pérola




sábado, 31 de janeiro de 2015

Cada batida . . .



Cada batida do coração
apressa-se sem destino,
forma nós,
estrangulamentos de garganta,
que me asfixiam
como se fora só pulsar,
fragmentada na dúvida.

Com a distância de permeio,
hesito no limiar de te ver.

Ergo o braço,
logo contrariado, 
em pensares de receio,
e se não me queres ver?

Bato?
Não bato?

Fixo os olhos no batente.
buscando resposta
em demanda sem juízo,
procurando-te,
o teu beijo já ali.

Ronda-me a avultada tentação 
 nos momentos
de palpitação acelerada 
onde sou vontade e desejo.

Finco os pés 
no pórtico de ti,
sinto-me inteira,
na proximidade do 'quase'.

Prestes a explodir,
sou vencida na incerteza,
deixo-me enlouquecer,
viro as costas,
não quero saber.

Não sei onde estou,
quem sou,
para onde vou.

Sou espírito de outros natais,
espectro transparente
por entre gentes que não me vê.

Cada batida do coração
corre na luta de chegar
à tua porta,
bater e, 
simplesmente ,
'Estar em Casa'.




quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Por entre esquecimentos com Caetano Veloso




Por entre revoadas
de lembranças,
vou ensaiando o teu esquecimento.

És como sopro 
que desgrenha meus cabelos.

Domando-os, 
esvais-te na saudade,
desmanchas-te na passagem do pente.

No eco do teu voo,
sinto-te no vento
que chama por mim.

Não sei aprender a te esquecer
pois se cada respiração sabe a teu ar,
como atmosfera por onde esvoaças,
aragem que me lembra de ti.

Pérola





segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Sou aquela menina . . .



Sou aquela menina 
de caracóis negros,
olhar crédulo,
com medo do escuro.

Pois sou!

despercebida franzina 
em procura de colo,
de afagos em forma de mão.

Sou aquela menina
curiosa,
deslumbrada em pequenos nadas,
um mundo só meu.

Tempo, 
que me queres?

Não quero esse presente
embrulhado em dias que se foram,
enlaçado por anos apressados.

Não sabes que ainda sou aquela menina ? ? ?




sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Chamas-me


Como gosto quando me chamas de querida!

Olhas-me por entre linhas 
de um jeito só teu,
desarmas-me,
arrepio-me e sou-me
nessa palavra querida!

Sob o bafo do Sol,
na chuva das folhas de dias que se foram,
com o frio do caminho curto,
não me importo.

Sei do calor das tuas palavras,
do teu corpo que que me aguarda,
da vontade (des)coberta no tempo,
do teu chamado de querida e basta(-me)!


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Dramática



Quando te foste
veio-me à boca o doce
de te pedir para ficares.

Quando te foste
o vazio tomou conta de mim
como se a vida parasse.

Quando te foste
lancei-te um feitiço
para que te lembrasses de nós.

Quando te foste
esfumei-me na ausência do que sou 
quando estás aqui.

Quando te foste
catei as migalhas no lençol
do teu amor que desejo.

Quando te foste
desvairei nas sombras
tornei-me reflexo,
dramática amante
com nada.


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Ups !!! Já se passaram 3 anos . . .



Tem dias, horas ou momentos em que a vida nos toma,
arranca-nos até de nós próprios.

Depois de muito vestir e despir, chorar, rir, recordar e sonhar,
eis que o blog completou 3 anos de existência e eu ?

Esqueci-me, pois claro.

Tão simples como isso . . . deixo-me arrastar pelo quotidiano e nem me lembro de mim.

Não fosse o querido Alberto a bater-me à porta, todo janota, com gravata e tudo, teria passado.

Vejam lá que até me trazia flores.

Um grande e verdadeiro querido, sem dúvida.
( não mereço)

Por outro lado, quer-me parecer que o lapso deve ter algo de inconsciente:
Não aprecio o tempo a passar e a idade a pesar.

Porém, não posso deixar a data em branco pois as alegrias da Blogosfera têm sido imensas e inesquecíveis.

Que a memória acorde desta letargia semi congelada!




Irei visitar-te!

Entretanto, fica com com o meu beijo e uma flor do 'e era tudo muito bom',
então não é?



Parabéns a mim!



sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O Acaso + A Coincidência + O Destino = ? ? ?

(No título, o traço - é para ser um sinal de igual  = , porque não entra?)

Acaso? Coincidência?


A preto e branco, mas de ideias cinzentas.

Sou eu, quem mais???

Para ser sincera, não acredito que a vida seja única e exclusiva consequência de mim.
Nasci, cresci, escolhi, vivi e ainda aqui estou sob determinadas circunstâncias que me condicionaram e, de alguma forma, limitam.


A coincidência, o acaso, o destino são temas sobre os quais penso, questiono sem conclusão fechada.

Não preciso de verdades científicas, não.
Tão somente gostaria de sentir que o acaso não existe.

Tudo tem um significado: Não é tão belo?!


Na realidade, ou melhor, na realidade de cada um, vai correndo o tempo qual rio em ciclo da água e cada qual mergulha, ou apenas lava as mãos, nesse curso conforme lhe aprouver, apetecer, conseguir ou for obrigado.


No meio de tudo isto, ficamos com o Acaso em nossas mentes, a Coincidência aparece vezes demais e então entra o Destino.


Não sei!
O enigma assemelha-se a código indecifrável.

Apenas sei que acasos me acontecem, coincidências também,
será o meu destino?
Ou será apenas o aleatório a provocar-me?

Alguém conhece a equação?



terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Diz-me . . .



Diz-me que o amor é molhado,
como tua boca,
 regando meus lábios,
levando humidade tropical
por toda a superfície que sou.

Regas meus sulcos,
planicíes, planatos,
percorrendo minha geografia integral
com esse amor 
que sinto molhado.

És como chuva 
em terra fértil,
rastilho de explosão ensadecida,
por onde brotam sementes precoces,
desvairadas germinações.

Deixa-me desenhar-te
em gotas de suor,
minhas,
tuas,
o fogo molhado
que nos consome.

Vem uma vez mais . . .
diz.me que o amor é molhado!




sábado, 10 de janeiro de 2015

Como flor . . .


Trouxeste-me a simetria das flores
no eixo da tua boca molhada,
o perfume delas
no teu corpo que me inebria.

Trouxeste-me a suavidade das pétalas
na tela da tua pele
por onde me pintas
e me fazes flor.

Trouxeste-me a loucura da primavera
na explosão do teu olhar,
o silêncio do desejo
nas tuas mãos
com que me prendes
e chamas tua.




quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Será destino?


Anna Majboroda


Busco a estrada larga,
o prazer da caminhada,
a ponte que me elevará.

As pernas alternam-se,
sem reclamar,
neste chão 
que se metamorfoseia.

Ora rocha, 
ora tapete perfumado,
os sentidos fazem o relatório,
mas tenho de continuar.

Vou por aí,
perseguindo paisagens,
sonhos meus,
em estrada larga,
carreiro da minha imaginação.

Reclamo, investigo,
perco-me,
ninguém se importa
com demanda minha.

Há um mar por atravessar,
tormentas e adamastores,
nevoeiros e não sei que mais.

Percorro trilho 
de rumo por inventar,
atrevo-me em travessias,
passagens com serventia
da vida,
onde o tempo se enconde
e eu me busco,
sem cessar,
na inquietação de me ser.




terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Como uma borboleta



Sopras o desejo nesse olhar,
vergando-me com o silêncio
das tuas palavras.

Sou embarcação
com borboletas no porão,
ou serei apenas rapariga
com impressões na barriga?

Vês?
Até me fazes rimar
na vibração da tua respiração
que me deixa à deriva, 
por aí,
onde tu moras
e me encontras.

Nesse mar de margens distantes,
na baía calma que me chama.

Tremo,
arrepio-me,
cerro os olhos,
em disfarce de quietação
pois sei que me soprarás,
outra vez.

Deixas-me entrar no vapor,
no chão da neblina,
o teu olhar de desejo,
onde navego
 e me sou.




segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Onde estás?



Ainda agora te sentia,
eras meu
sob o lençol
da minha pele,

Tocava-te
como quem dedilha
a melodia de todos os tempos.

As minhas mãos percorriam-te
no compasso do olhar,
sem maestro,
na cumplicidade
da pele.

Ainda agora te sentia
e já o vazio tomou posse
destes dedos tristes,
sozinhos.

Não te sei,
perdi-te por entre
intervalos,
instantes a que chamam vida.
Não quero acredito.

As minhas mãos
galopam o ar,
em demanda tua,
sofrem
e só te querem sentir . . . uma vez mais.



quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

2015 Chegou ! ! !



Apenas um beijo,
uma simples flor . . . 


. . . um novo calendário por desfolhar,
sem pressas,
na calmaria de ser feliz!




quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Mimos fins e afins



Por aqui gela-se neste final de ano.

A sério que penso não resistir a tamanho frio.

Por outro lado, o calor da Blogosfera acalenta-me.

Não se pode ter tudo, não é?


Como o tempo é conversa desinteressante assisto às últimas respirações de 2014.
Não há forma de não balancear os deves e os haveres.

Poupo-vos às minhas divagações,
 podem descansar.

Vejamos :

Mimaram-me tanto por esta Blogosfera fora, mas tanto . . .

Por aqui deixo 2 materializações desse carinho.

O querido AFlores já por aqui mencionado algumas vezes.
É-me uma inspiração e um exemplo a seguir.

Quem me dera ter a sua força bem como a boa disposição!

(estou no top de comentadores, como sou vaidosa)




Do outro lado do Oceano:
A amorosa Pati, de quem já falei por aqui, quis mostrar um pouco mais de mim. 
Inspirou-se no que me conhece e não é que parece já ter conversado comigo face to face?

Vestiu-me com as cores da bandeira portuguesa e eis-me:


Confesso que gostava de ter sempre aquele sorriso e também de ser escritora 'à séria'.
Contudo, fico-me por ser umas vezes alegre 
outras uma grande, grande chata.

Sou Pérola e gosto muito de o ser já que Margarida significa Pérola.

Se tiverem curiosidade, espreitem um pouco da história do nome:
http://www.dicionariodenomesproprios.com.br/margarida/


O ano fecha deficitário porque nem tudo é muito bom.
Também quem disse que teria de o ser?
Eu e as minhas manias de querer ser feliz . . .

(Não foi como eu gostaria . . . , pois não!
Serei muito ambiciosa? 
Ou simplesmente tenho de aprender a conjugar a conformação?)

Dúvidas, hesitações e mais interrogações . . . !!!
Afinal, não é esta a história da minha vida?

Exceção feita à Blogosfera que pesou bastante no lado mais que positivo, 
continua a ser uma experiência que ainda me surpreende e a todos tenho muito a agradecer.

Fico-me por aqui;
Deseja-te um 2015 repleto de ternura e a concretização dos teus sonhos.

Bem Hajas!