quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Caminho para o Bom . . .


Sentada no alpendre senti calor nos pés.
Seria dos três (3) pares de meias grossas e peludas que calço?
Talvez da camisola interior soterrada em gola alta e dois polares sobrepostos.
Não sei.
Confesso que ando cansada do frio, do vento, da chuva.
Sou rapariga mais virada para o clima ameno.
Das vestes leves, dos pés descalços, do cabelo apanhado para não encalorar o pescoço.
Na invernia enterro-me em roupa, aqueço-me junto de qualquer fonte de calor e semi-hiberno.
Já passei pela fase da garganta inflamada - obrigatória todos os anos.
O carnaval já se foi e finalmente vi a 'Luz'.
Nesta minha pausa campestre os passarinhos vêm pousar junto de mim.
Andam tão embrenhados nas lides amorosas que até ficam desatentos à minha presença.
Gosto do seu chilrear, do namoro incessante e principalmente da vivacidade.
Sempre atarefados.
Não há crise que lhes chegue.
Bastam-lhes umas ervas, uns ramitos e ei-los, fazendo o ninho, acasalando, somente preocupados com a descendência obrigatória.
Senti-me bem. Muito bem, mesmo!
Já provei o calor deste ano nos raios solares que absorvi neste meu recanto.
Os dias já estão maiores.
Fico feliz!
Estou contente nesta caminhada que se começa a povoar de pequenas flores, de dias sorridentes e repletos de natureza a despertar.
Aproxima-se a primavera.
Ainda continuo camuflada com tanta roupagem, mas é por pouco.
Os chinelos...o bikini...a praia...a pele à mostra já estão próximos.
Que poderei desejar mais?
Bem! É melhor nem perguntar...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Nascimento


Origem desenhada em paleta colorida no pensamento.
Fruto amadurecido por entre folhagens protectoras.
Chegado o teu tempo nasceste.
Vinhas embrulhada em futuro novo, desconhecido.
Renascimento no nascimento.
Ziliões de promessas, de sonhos te acompanham.
O tempo constrói uma história única, a tua.
A vida grávida de nascimentos tornou-te exclusiva.
Sê bem vinda bebé !

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Eis-me . . .



Eis-me . . .
Aurora preguiçosa na languidez da madrugada.
Vede-me. . .  enrolada na dúvida arrependida.

Aqui estou . . .
Soluço ferido na glote do universo.
Espasmo prenhe de vontades.

Ali . . .
Repouso agitada em colchão herdado.
Autora de mim ou mera consequência causal.

Eis-me . . .
Sonho, alucinação, palavra julgada, pretensiosamente.
Fruto assinalado, de sabor agridoce.

Aqui estou . . .
Nudez tapada no decoro aprendido.
Íntimo receoso que espreita.

Ali . . . 
Na matéria  de mim subsisto.
Absorvendo poeiras de amor na incerteza de tudo.

Eis-me . . .
Fluído humano correndo desalmadamente.
Com tino, sem rumo, desatenta na ponderação da insensatez.

Dessabendo . . . Eis-me . . .

domingo, 10 de fevereiro de 2013

É Carnaval ㋡

No progresso da humanidade eis-nos chegados a época carnavalesca.
Vale tudo.
Todos os anos permitem-se excessos, de índoles várias, em nome da diversão.
Afinal o Carnaval são poucos dias e a vida efémera é.
Vamos lá dançar, festejar até os pés não se aguentarem.

Tenho de confessar que nunca foi das minhas quadras preferidas, mas alinhava em brincadeiras várias.
Especialmente quando era novinha e 'inconsciente', uma criança.

Atualmente, e sem querer imprimir notas pessimistas nesta breve alusão à festividade, a verdade é que não sinto a míníma vontade de celebrar.
Fantasiar-me? Já me sinto mascarada pelo ano inteirinho.
Dançar? Faço-o sempre que posso e me apetece.
Beber? Em ocasiões especiais e quando me permito.
Rir, Brincar? Nunca desperdiço momento propício.

Enfim! Não deixo para alturas calendarizadas o que é suposto ser divertimento.
Há que agarrar todos os momentos a que a isso se propiciam.
Rir, Sorrir, Gargalhar...não têm data marcada por aqui.
É o tal do 'carpe Diem'.

Até porque depois vem a quarta feira de conzas, a quaresma.
Tempos de introspeção, de  cair na realidade.
Para evitar as quedas e eventuais sequelas previno-me e não subo...assim não caio, certo?

E como referi a quaresma, temporada que conduz à Semana Santa e à Páscoa, não consigo evitar que os meus pensamentos se desviem para a 'CRUZ' que tenho, ou melhor, temos de carregar.

Valha-nos o Carnaval, qual anestesiante forte, que poderá provocar dependência.
O pior é a ressaca.

Divirtam-se !!!


sábado, 9 de fevereiro de 2013

E o calor continua . . . UfA!




Querido Diário,
Estas tórridas temperaturas deixam-me sem vontade de pegar am ti e desenhar-te com a minha disforme caligrafia.
Sei bem que me entendes sempre.
Que seria de mim sem a tua infindável compreensão e ouvido sempre disposto?
Anda tudo muito apressado, sem tempo (e vontade) de escutar, ouvir de verdade.
Como já te contado conheci o Luís no meu primeiro dia de praia deste ano.
Aconteceu como um relâmpago, mas duma intensidade que ainda se faz sentir.
Onde ía eu?
Ah! Já sei!
Vesti-me e trouxe-o para casa.
Anuiu à minha total inocente pergunta 'queres vir comer um gelado ou beber algo fresco a minha casa, uma 'margarita'?'
Dei-lhe a mão e carregou-me os pertences.
Uma gentileza cavalheiresca, quase medieval.
De t-shirt, toalha ao ombro e mão na minha acompanhou-me sorridente.
Sem palavras desnecessárias apenas soube do seu nome e pouco mais.
Nas passadeiras depositava-me um carinhoso beijinho na face e depressa chegámos.
Quais miúdos entendemo-nos mais por sinalética cúmplice e pelo alfabeto do corpo do que pela língua materna.
As expressões, os gestos tudo diziam.
O olhar dele conversava comigo incessantemente.
Tornava-se transparente este diálogo em encontro de almas em sintonia.
Mal entreabri a porta, depositou as mãos no meu corpo e começou a descobrir.
Eu entrei na aventura e vesti-me de exploradora, ávida de outros mundos, outros sabores, outros cheiros, outros toques, outros sentires.
Provei-lhe a boca salgada, o pescoço perfumado de ondas com sabor a algas.
Depressa o vestido voou, o bikini desapareceu bem como a t-shirt e o calção.
Restavam os nossos corpos polvilhados de areia, com sabor a mar em todos os poros.
Os lábios dele secavam ao retirar-me o sal salpicado em mim.
Agarrou no pulverizador das plantas que se encontrava mesmo na mesinha ao lado do sofá e, borrifando-me, saciou a sede na minha pela húmida.
Num instante a brincadeira se estendeu e foi um autêntico manjar de gotículas frescas sorvidas em territórios anatómicos que não me atrevo a descrever.
Desvendei-lhe a macieza da penugem clareada pelo Sol, a firmeza dos músculos  definidos pela vida saudável. Experimentei-lhe o que me apetecia, sem pudores.
Ele? O Luís tomou-me como rainha. Adivinhava os meus gostos, espreitava cada gemido meu e conduziu-me a voos nunca antes permitidos.
A tarde decorreu na mais perfeita loucura.
O Mundo parara. Éramos somente nós. E a paixão com a luxúria como companheira.
Pela madrugada o físico relembrou-nos outras faces. Tivemos fome.
Fui ao frigorífico e armada de sumarentos morangos e iogurte cremoso banqueteamo-nos sendo o prato um do outro.
Vencidos pelo prazer saciado, adormecemos entrelaçados. Sem saber onde acbava eu e começava o corpo dele.
E até hoje tem sido assim.
Ou melhor: digamos que as férias estão a decorrer melhor que qualquer sonho, dos mais alucinados.
Quando penso que já não me pode surpreender, eis que me deixa de boquiaberta seja com uma palavra, um olhar ou uma surpresa 'daquelas'.
Por agora vivo este sentimento que se me entranha e testa os limites.
Não estava nos planos apaixonar-me.
Hoje, neste segundo, nada sei.
Quero exclusivamente absorver esta aura, esta brisa marítima e esquecer tudo o resto.
Tocam à campinha.
Horas de praia!? Ou será antes horas do Amor!?

Um beijinho e até...não faço ideia...


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Em Desalinho !



Inspiro sustendo a respiração.
Vou navegar para oceanos defesos.

Onde a despudorada vida é leito em desalinho.
Onde as formalidades não têm entrada.
Onde normas e preceitos se nutrem da indiferença.
Onde tu existes.

Afundo-me em descobertas gulosas.
Privada de oxigénio respiro-te.

És meu alento, meu doce alimento.
Remoinho estonteador, feitiço magnético.

Desalinho-me:
ao sabor do toque da tua pele,
na maresia do teu cheiro,
no teu olhar profundo, de matizes lascivas.

Desconcerta-se minha alma,
alterada nesta imersão desprogramada e eterna
nos segundos deste assombro enlevado de te exalar.

De íntimo desgrenhado sou cativa em liberdade.
E porque assim o desejo crescem-me guelras para prolongar este desalinho.
Prendo-me na tua sofreguidão e deixo-me levar.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Tanto e Ainda Mais !


Tanto e  tanto que sou.
Perfume engrrafado em sorriso incontrolável.
Ar cristalino em ambiente  despoluído.
Colorido desembaraçado que se solta, procurando os negros.
Enleo-me no voo da borboleta,
no som das palavras.
Sou tanto.
Dama, senhora do imenso nada.
Mulher plena, deusa de mim.
Energia brota do meu ser, abundantemente, satisfazendo-me.
Tanto e tanto que sou.
Origem do Universo, meu, só meu.
Soluto em águas primordiais que se esvai.
Desfazendo-me adquiro posse da totalidade.
Tornando-me ainda mais...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Vírus & Companhia . . .

. . . 
Tal como a minha garganta inflamada,
o meu nariz,
os meus neurónios.

Os senhores vírus chegaram, instalaram-se e pelos vistos não fazem tenção de me abandonar.

Dói-me a cabeça, tenho os olhos congestionados, o corpo pede-me descanso e os olhos esforçam-se por se manter abertos.

Sem vontade de fazer qualquer tipo de trabalho em casa ou fora dela.
Tudo me parece uma trabalheira deveras cansativa.

Socorro!

Alguém me leve estes minúsculos seres que me fazem estrago dorido e sofrido.
Estou doente e esgotada, afinal já ando nesta luta há uma semana.

Eu sei que não me devo queixar, não posso.

Estou cansada, só isso...


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Procura vã !



Existes na abundância do Tudo.
Permaneces em cada partícula do Ser.
Procuro-te em diligências, ao acaso, propositadas.

Vã tentativa.

Habitas na plenitude atómica, constituindo a globalidade.

Afadigo-me inutilmente, em caminhada sem meta.
Moras em no ar que me oxigena,
nos alimentos que me nutrem,
nos pensamentos que me tornam humana.

Estendo os braços e sinto-te.
Estás em mim.

És canto de ave que me  embala,
luz guia,
calor pacificador do meu ventre ansioso.

Busca detalhada, esforçada pelos desejos e pensamentos.
Com intuito de ti.

Porém:
És inicio é término.
Existo na tua essência.

Demanda oca, a minha !

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Agradar a Todos . . .

Agradar a Todos e a Ninguém.

"Aqueles que procuram agradar andam muito enganados. 
Para agradar, tornam-se maleáveis e dúcteis, apressam-se a corresponder a todos os desejos. 
E acabam por trair em todas as coisas, para serem como os desejam. Que hei-de eu fazer dessas alforrecas que não têm ossos nem forma? 
Vomito-os e restituo-os às suas nebulosas: vinde ver-me quando estiverdes construídos.
As próprias mulheres se cansam quando alguém, para lhes demonstrar amor, aceita fazer-se eco e espelho, porque ninguém tem necessidade da sua própria imagem. 
Mas eu tenho necessidade de ti. 
Estás construído como fortaleza e eu bem sinto o teu núcleo. Senta-te ali, porque tu existes.
A mulher desposa e torna-se serva daquele que é de um império. "
Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela'


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Invernar !



Hiberno em recolhimento aquecido.

Desacelera-se-me o coração desnorteado.

Ouço o silêncio de mim.

Respiro vagarosamente futuros desenhados.

Na quietude envolvente, descanso.

Perco-me.

Solto-me.

Abandono-me.

Sonho-me.

Em dormência imperturbada, sou.

Em refúgio acolhedor, recordo.

Lembro teu colo.

Evoco tuas caricias, presas nas mãos da saudade.

Reminiscências perfumadas com o teu hálito.

Que me aquecem e alimentam.

No sossego do covil sou fera amansada neste inverno que é a vida sem a teu corpo, a tua essência...sem ti.

Apenas...hiberno !


sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Amor e a Contabilidade


Há tendência generalizada para fazer balanços, visitar o passado, retirar lições e tomarmos resoluções para o futuro.
Seja em época de final de ano, datas de aniversários ou simplesmente quando uma tempestade qualquer nos avassala e faz estremecer.
Poderemos gostar ou talvez não, desta paragem introspectiva que poderá ser bastante analítica.
Analisamo-nos, traçamos novas metas e metemo-nos a caminho.
Não podemos esquecer as 'pessoas-rochedos' cujas certezas têm tanto de inabalável quanto as suas vidas de rotineiro e previsível dentro do permitido pelo Universo em constante mudança.

Ainda que mal comparada, a Vida é uma espécie de Contabilidade.
Com os acontecimentos a sucederem-se é inevitável surgirem produtos, os tais efeitos mais ou menos mensuráveis.
Entre 'Deves' e 'Haveres, débitos e créditos sempre sobra um resultado.
Lucro ou Prejuízo, depende de quem analisa e do analisado.

 Um dos itens mais  importantes nestas listagens são as pessoas.
E na contabilidade individual o número de pessoas que passaram pelo nosso privadíssimo campo amoroso.
Será que ainda guardamos a 'documentação' de todos aqueles/as por quem o nosso coração bateu mais forte?

A memória é coisa estranha. 
Lembramo-nos tantas vezes de pormenores insignificantes.

Quer-me parecer que na escrituração dos afetos de cariz mais intimo podem existir contagens que se resumem a folhas em branco ou  páginas que dariam para encadernar e formar tomo de volume enciclopédico.
Mais cedo ou mais tarde, realizamos contabilidade, começamos a contar pelos e dedos e como se isso não bastasse gostamos de projectar para o futuro.
Como será?

Os solitários elaboram 'orçamentos', esperançosos nas suas previsões.

E afinal, quantos/as foram?
Com maior ou menor relevância se deixou marca, recordação, tem de entrar na contagem.

Já contabilizaram o amor nas vossas vidas?




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Que Calor ☀ ! ! !



Querido Diário,


Com as previsões a apontarem para temperaturas a aquecerem os termómetros para além dos 40º resolvi procurar a frescura marítima.
De bikini já vestido, enfiei o vestido de alças, bem leve, e de fresquidão encerrada em recipiente apropriado, atrevi-me até à beira-mar.
O areal morno massajava os pés descalços, saudosos de tais mimos.
Procurei poiso ligeiramente inclinado, bem juntinho da zona de rebentação. 
Sabes como gosto de sentir os salpicos das brincadeiras das ondas.
O dia mostrava-se luminoso e nada fazia prever as tais temperaturas abrasadoras que a meteorologia teimava em repetir nos locais informativos.
Entre visitas ao mar, com arrepios pelas gotículas salgadas que me enfeitavam ao refletirem a luminosidade solar, os passeios sem destino onde apanhava conchas e búzios que a maré me presenteava, o tempo decorria.
Num dos momentos de 'relax, lendo viciante autor... já sabes como sou quando me entusiasmo pela leitura...de difícil contenção, eis que começo a sentir ardor invulgar. 
Um calor incendiário.
Procuro o protector, guardado na geladeira, e em forma de spray, refresco-me ao mesmo tempo que acarinho a minha pele. 
Queimaduras são para evitar a todo o custo. Sei que concordas comigo.
Apesar do 'Pilates' que tanto tem contribuído para o meu bem estar físico, há certas zonas do meu corpo a que não consigo chegar com as minhas esforçadas mãos. Limitações.
Sondo em volta buscando alguém disposto a socorrer-me em tarefa simples.
A uns escassos metros olhei para o  meu vizinho de toalha e território da orla, um rapaz pela minha faixa etária, mais ano menos mês ou vice -versa.
Não é meu forte adivinhar idades, já sabes.
Sem problemas pedi-lhe assistência nesta minha incapacidade de espalhar o spray por  todos os centímetros do meu orgão maior.
Com um sorriso, levanta-se sem pressas.
Reparei na sua altura, deitados somos mais nivelados, não achas? 
Para além disso, o corpo movimentava-se harmoniosamente, bem constituído, sem nada a apontar. Até do calção desportivo gostei.
Passei-lhe o spray. Ele reparou na sua temperatura fresquinha. Geralmente estão quentes, as pessoas têm-nos à mão. Não é o meu caso, como já to disse.
Com mãos duma suavidade indescritível começa a espalhar o liquido. Não sem antes me borrifar por inteiro o que me arrepiou. Afinal o produto estava gelado.
Ainda lhe tentei explicar que só não alcançava certas zonas...
Novo sorriso.
Indiferente às minhas indicações, passeou-se pelos meus ombros, costas, desceu nas costas. Empenhou-se nos braços e nem esqueceu as minhas mãos, afinal também têm pele.
Desconheço se a temperatura exterior me elevou a interior. Dos normais 37,5º comecei a sentir-me entrar em ebulição. Fiquei febril.
 A sério! Não acreditas?
Um incêndio interior ateara-se e espalhava-se rapidamente a todo o meu ser. Inflamara-me.
Precisava de socorro. talvez dos bombeiros...
Incapaz de me mover, o 'meu' auxiliador compenetrava-se na total proteção da minha cútis.
Entretanto descera às coxas e zelozamente prosseguia, dando integral cumprimento ao meu banal pedido.
Sem informar, guardou o protector na fresquidão resguardada e sentou-se na ponta da minha toalha.
Olhando o azul da água perguntou-me se não tinha calor, porventura o queria acompanhar num mergulho.
Completamente incandescente só tinha uma resposta possível. Corremos lado a lado nos escassos metros que nos separavam do oceano.
Mergulhámos e agarrou-me pela cintura.
A febre não tinha descido. Penso que piorara.
Agarrei-lhe a mão e conduzindo-o até às toalhas, enfiei o vestido por cima do corpo ainda molhado e . . .  trouxe-o para casa.
Meu amigo diário, que querias que fizesse?
Bem sei que todo o cuidado é pouco com estranhos.
Porém, nunca o senti como um intruso.
Os olhos demonstravam uma ternura nunca vista.
Li-lhe confiança.

Pois...desta vez para além das habituais pedrinhas e conchas trouxe um tesouro maior.
Faz-se tarde. Já estou com sono...depois conto-te mais.
A história encalorada não se ficou por aqui...

Um beijinho da amiga,

(♥‿♥)

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Eu conto...Tu contas...



Contas o tempo.
Instantes, Segundos, Minutos
que se transformam em palavras:
mudas ou rasgadas em gritos.

Contas medidas.
Centímetros, Metros, Quilómetros
que se transformam em silêncios:
faladores ou sorrindo cumplicidades.

Contas e contas.
Como se os números te presenteassem com a confiança.

O tempo, as medidas são pó
soprado pelo vento da relevância.

Não me importam.

Quero sentir-me arredada de temporadas, de normas.
Esquecer a matemática.
Prescindir de escantilhão.
Rasgar calendários e olhar o horizonte sem regras.

Abandonar-me no acaso desabrochado,
inesperado, convidativo.

Sou obra inacabada, 
mulher sem definições,
ser ferido,
brisa invisível,
luz na tua sombra,
maresia que te inebria.

E tu não sabes.
Só presencias minutos, metros.

Na impotência incompreendida de me revelar,
aguardo a sensibilidade que encerras e teimas em ignorar.

Sim! 
Observo-te e espero-te
porque tu és meu.

Sem pressas conto, ... mas com o teu Despertar.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Com Culpa !

Ajeitava-se no sofá. Não encontrava posição confortável. Os pensamentos sucediam-se sem que os conseguisse travar. Impotente era a palavra indicada para a definir.
Sem querer excedera-se. Em nome do amor exigia o que lhe parecera razoável.
Contudo, as imposições mostraram-se contraproducentes. 
A mente desfazia-se na culpa que a torturava. 
Incapaz, exagerada, palavras que se atribuía.
Levantando-se de rompante, uma tontura fê-la vacilar. Tornou-se a sentar. A cara entre as mãos. As lágrimas salgavam-lhe os lábios no pequeno rio que se formava. 
Do centro daquele vulcão de sensações e palavras que se atropelavam no seu íntimo, uma certeza emergia.
De princípio disforme. Pouco a pouco foi tornando forma. 
Mudar, alterar já não era opção, mas sim necessidade. Sob pena de se sentir enlouquecer e arrastar consigo quem mais amava.
Com objectivo em mira o coração desacelerou-se-lhe. 
Primeiro teria de alcançar o auto controle. De seguida, voltar-se-ia para aquele cuja influência imensa lhe escapava. Desconhecia o verdadeiro alcance da sua ascendência. Pelos vistos, maior do que imaginava.
Respirou fundo uma e outra vez. Disposta a colocar o 'outro' no cume das suas prioridades, colou a palavra 'amor' nos seus gestos e dispôs-se a empreender nova tentativa.
Desta feita com a condição do carinho, da ternura como aliadas.
Não mais galgaria as suas próprias incapacidades para outrém, sem culpas das suas assombrações interiores.
Despojar-se-ia do que fosse necessário para arranjar espaço dentro de si. E desta forma poder ocupar-se, atestar-se de si. Pela positiva. Do que de melhor encontrasse na sua essência.
Para dar teria de ter.
Agarrando um pedaço de coragem, armou-se de vontades transfiguradas e preparou-se.
Esperavam-na.
Chegara o momento...


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A Frontalidade

Palavra por demais ouvida na atualidade: a Frontalidade.

Eis que me deparo a tentar perceber significados que me sejam desconhecidos.
Porque sendo as palavras entidades vivas, estão sempre em constante mudança e evolução.

Pois bem, a pesquisa não me levou longe.

Fiquei pelo que já sabia: diz respeito a quem é frontal que por sua vez está relacionado com a 'frente', a fachada, enfim algo que será onde ocorrerá o primeiro 'embate'.
Para além disso também pode significar franqueza e sinceridade.


Cada um de nós tem visão única da realidade, de cada sentimento e a opinião formada ou julgamento de valor que efectuará estará sempre condicionado às limitações e capacidades do próprio 'eu' individual.
Posto isto, pode-se dizer que a única regra é não as existirem.
Opina-se com maior ou menor assertividade, baseado ou não em argumentos.
Contudo, neste mar de pessoas que reclamam a frontalidade como se do Santo Graal se tratasse, questiono:

E se o que afirmam nada tiver a ver com o que o outro 'pensa'?
E se estiverem errados?
E se falaram sem lhes ter sido pedido opinião?
Esta tal franqueza pode tudo permitir?

Em nome da 'Frontalidade' adquire-se o direito de emitir opiniões, pareceres (sempre subjectivos)?

Ainda não tendo sido  descoberta a VERDADE, a relatividade continua a reinar.
E parece-me que tanta gente se esquece ... basta ver o autoritarismo com que se diz: "EU SOU FRONTAL!"

Afinal que querem dizer? Ainda não percebi...

Ou sou eu que ando tão distraida e ainda não reparei que seres perfeitos desceram à Terra?

À primeira vista a franqueza e sinceridade parecem sinónimos tão simples de entender.
Porém, não mo são.
Porque, tal como em muitas outras coisas, não bastam.
Ficando-se no monólogo, a frontalidade é mera expressão de sentir restrito ... que deveria frutificar no diálogo.
Conversa improvável quando a mente se povoa de certezas inabaláveis.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Algodão Doce...Hummm . . .


Sorria...
na cama doce,
nuvem de algodão docinho.

Sonhava...
gulosas delícias,
gestos apetecidos envoltos em açucar.

Era...
menina lambuzada em cada  centímetro,
aprazível gulosice em suave preguiça.

Sentia...
mel escorrendo no meu dedo,
provado em boca paciente.

Provava...
meu colchão, minha coberta,
em desapressados e prazenteiros fiapos.

Hummm...
guloseima em forma de petisco,
rodeava-me com formas de tentação.

Provocada...
abandonei-me ao desejo,
sorvendo o inconsistente algodão doce.

Saboreava...
a generosa gulodice,
provando-me, nas nuvens! 

domingo, 27 de janeiro de 2013

O Amor e a Paixão {♥_♥}


Enamorar-se perdidamente ou apaixonar-se é coisa tão antiga quanta o homem.
Mero bébé nisto da linha temporal da Vida.
Continuo a surpreender-me com os datas e os milhões de anos que existiram a.h. (antes humanidade).
Ciência e Religião é assunto que veio à baila, mas ponho já de parte.
Por agora, insisto no 'velhinho' e humano sentir: o Amor na sua faceta apaixonada.
Tema por demais gasto, no entanto sujeito a tantas renovações e invenções.

Vocês, não sei.
Quando  vi este desenho do Mordillo (revisito tantas vezes, anima-me, diz-me sempre algo de novo) os meus pensamentos pousaram na girafa que corre atrás.
Sim!
A mais pequena e desfigurada, arraçada de elefante por parte da tromba.
Neste amor improvável, só possivel pela altura em centímetros dos dianteiros, eis que surge o fruto: Um novo ser.
No quotidiano também acontecem estes 'milagres'.
Temos um poder de ajuste, de adaptação e de capacidade de nos transformarmos, de vestirmos outras roupagens, em nome do Amor que é uma coisa assustadora (diria parva . . . ).
Fica-se cego, toldado neste oceano de sensações.
Pois, já sabemos.
O Amor mexe com tanta coisa.
Admiro os racionais, mais objectivos que conseguem pensar de acordo com as suas convicções e não se deixam arrastar nesse turbilhão aparentado de tsunami.
Dos sitíos mais improváveis, das pessoas mais impensáveis pode surgir o inesperado.
Tem esse poder, a Paixão.
A Rendição é quase sempre a regra e a Tentação sua amiga inseparável.

Como tudo tem o seu tempo ou prazo de validade, fica-me a questão dos 'frutos'.
E depois?
Que fazer com as consequências desses sentires intempestivos?
Podem restar apenas inoportunas lembranças. Nada que o psicólogo não cure.
Mas, e as incovenientes marcas, quais tatuagens, sinal indelével, que lhe fazer?

A piedade acerca-se de mim quando olho para a girafinha trombuda, deturpado ser.
Sem culpas, cuja existência tem como pais o Amor e a Paixão.


sábado, 26 de janeiro de 2013

" . . . Nesta Data Querida . . . " (irritante)


- Hoje tenho de falar contigo. Estás a ouvir?
Escusas de fazer essa cara. Sei que me ouves.

- Hã?

- O teu aniversário já bate à porta.
Porque insistes em te entristecer?

- Não estou triste.

-  Pensas que enganas quem?
Ora pensa lá bem...
Todos os dias acrescem ao tempo que já viveste.
O aniversário só coincide com o dia do calendário.
Porque ficas assim?

- Sei lá! Não sei . . .

- Deixa-te de amuos e birrinhas.
Queres que te cole um 'post-it' com o 'Carpe Diem', que tu tanto gostas, na testa?
É que já não há paciência.
Quem te consegue aturar?

- Eu não consigo.

- Estás a ver?
É desse malfadado feitio que falo.
Vai lá vestir uma roupita gira, pinta um sorriso na cara e vamos festejar.
Afinal, preferes aniversário de falecimento?
Depois de nascermos nada podemos fazer.
A morte é inevitável.

- Obrigadinho pelo ânimo.

- Não agradeças.
És tão exageradona.
Só dramatizava para compreenderes o quanto ridícula podes ser.

- Tá bem. Mas, não quero, não me apetece...

- Olha a minha vida!
O que faço a esta rapariga?
Bem...
Deixo-te o meu presente:

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Dizem . . .


Dizem-me...

"Que os dias se diluem
em derradeiros espasmos."

"O vento sopra  o amor . . . agarra-o!"

Dizem-me . . . os sentidos 
que me amas, 
não és fruto da minha loucura.

Dizem-me . . . e não acredito!

Dói-me a alma,
tenho feridas em chaga,
incapazes de sarar.
Porque acreditei-te, miragem desejada.
Grita meu peito teu nome,
som esfumado pelo distância.

Dizem-me . . . dizes-me . . .
Sou insana amante,
embaciada nas envoltas quimeras.
Sou ave de penas cortadas
definhando ao olhar o céu protetor.

Dizem-me . . . e que importa?

Deliberei a ventosa imunidade,
permito-me Ser
nos tumultuosos e sorridentes apeteceres.

Nesta hora . . . sou eu que digo : Basta!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A complexidade Humana...ora bolas !

A bem da verdade, tenho de confessar que não consigo aprender esta atitude.
Não considero egoísmo defendermo-nos do mal que nos podem causar.
Afinal, acredito que temos de ser os nossos melhores amigos/as.
Quanto ao 'Amor Próprio' é vasto território, não cabe aqui o que há para dizer dele.
Somente relembrar o quão importante é aceitarmo-nos e amarmo-nos como somos nem que para isso tenhamos de deitar as 'garras' de fora.
Há coisas mais difíceis do que outras. 
Uma das mais complicadas talvez seja termos relações de confiança, amizade, partilha, cúmplicidade com pessoas que não têm existência
real.
A nossa imaginação é fértil e nem sempre 'vemos' o que está bem debaixo do nosso nariz. 
Fantasiamos e acabamos por nos relacionar com a ideia que temos da pessoa, uma espécie de sombra, de ideal construido por nós.
Nunca se consegue conhecer realmente uma pessoa, somos seres demasiado complexos e vestimos múltiplas roupagens conforme os condicionalismos, as vontades, personalidades, limitações e julgamentos próprios.
Porém, confiar, acreditar tendo como resultado a desilusão pode ser devastador.
O equilíbrio entre o abrir o coração, ser sensível e possuir racionalidade e objectividade suficiente para conseguir relacionamentos saudáveis é ponto desejado, contudo raro.
E neste caminhar que é a Vida ninguém duvida das mudanças.
Existir é isso mesmo: Ação permanente.
Como seres pensantes, é-nos penoso a constante caminhada, o seguir em frente.
Pessoas e acontecimentos marcantes ficaram para trás. 
Temos saudades, memórias, lembranças que fazem parte de nós.
Ir em frente é obrigatório, no entanto olhar para trás é decisão individual.
Só o deveríamos fazer em situações proveitosas para nós.
O menos bom...não vale a pena.
(agora só me falta praticar...e aprender.)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Dar e Receber...ainda

"Esteja apto para dar o melhor de si e receber o pior dos outros."
Daiane Rabelo
"Não esperar nada de ninguém, é a melhor forma de se receber o que se quer."
Mack White

Os mais atentos já se cruzaram com este tema por aqui. 
Continua a ser assunto dos meus diálogos interiores e observações.
Continuo a considerar o 'receber' mais problemático, de concretização mais exigente, que o 'dar' apesar de parecer contraditório.

Em relação ao oferecermos o melhor de nós e esperarmos o pior dos outros: uma atitude defensiva, para evitar desilusões e tristezas. Afinal só podemos controlar a nossa pessoa. 
Mas, este controle é fantasioso na medida em que somos condicionados por tanta coisa que nem nos apercebemos.
Bem lá no fundo não temos o domínio de nada, mesmo nadinha.
Gostamos de pensar que sim.

Por outro lado, se nada esperarmos é fácil recebermos sempre algo que acabe por nos agradar.

O filósofo Aristóteles é que me trocou as voltas nesta dinâmica.
Inseriu o 'Merecer'.

E como aferimos do merecimento para Dar ou Receber ?
Há regras ? Códigos de conduta? Leis ?

Ou acabará por ser a consciência de cada um a grande decisora?
Afinal a subjectividade ainda reina.
Não há volta a dar.
E voltamos à velhinha questão da humanidade e à sua principal característica: somos todos diferentes na unicidade.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Fetiche


Fetiche 
(francês fétiche, do português feitiço)
 
"Algo a que é prestada adoração ou que é considerado como tendo poderes sobrenaturais. = FEITIÇO.
Parte do corpo ou tipo de comportamento que provoca excitação sexual."
Dicionário Priberam


Descrição da foto:
Animais inoperantes para a venda no mercado da fetiche de Lomé, Togo, África ocidental.


Admito a minha confusão e ignorância. Hoje em dia ouve-se a palavra 'fetiche' em conversas banais sendo utilizada com conotações várias.
Para saciar a minha curiosidade fiz pequena pesquisa sobre a temática.

Pois bem: estou surpreendida.

Primeiro, a palavra tem origem no francês (até aqui nada de novo) e significa feitiço. Não relacionava a feitiçaria com o fetiche. Porém, começando a pensar sobre o assunto, tem a sua lógica, de acordo com ideias minhas pré concebidas.

Segundo, estará relacionado com algo, comportamento, objecto ou atitude que provoca excitação sexual. Sempre associei o fetiche a 'vontades', fantasias de cariz sexual, por isso alguma coisita ainda sei.

O que me espanta é o uso e abuso do termo. Pelo que ouço o simples gosto obsessivo ou saudável, por exemplo, por sapatos, leva-nos a dizer que temos um fetiche pelo calçado.

As palavras são assim, assumem novos significados e estão sujeitas a modas ou 'ondas' datadas.

Enquanto não aprofundo a minha pesquisa, digam-me o que sabem do assunto e qual(is) o(s) vosso(s) fetiche(s) ? 


Estas sandalinhas tão inofensivas, em termos provocatórios, são apelidadas de um Santo fetiche e apresentam-se como presentes de Natal. 
Já perceberam a minha desorganização mental sobre o assunto?

Entretanto vou prosseguir a averiguação. Aprender é Bom . . .

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Não sei !




Não sei se te sonho
em deambulações diurnas,
com o Sol que me abrasa
e de olhos despertos.

Não sei se o perfume
que me embriaga é teu cheiro,
pétalas coloridas que me vestem
ou fantasioso olfacto.

Não sei se caminho,
voo ou flutuo em atmosferas esfumadas,
rodopios que estonteam
andares sem gravidade.

Não sei que sentires são estes.
Não sei como dar combate a estes desejos. 
Não sei que palavras feridas me saram.

Não sei . . .

Não me sei !

domingo, 20 de janeiro de 2013

No Rescaldo . . .



É hora de Rescaldo.
Pois foi um verdadeiro fogo que se ateou ontem por aqui.
E tal como as cinzas quentes de um vulcão ainda ouço as vossas vozes, sinto as vossas  presenças nesta casa por agora mais vazia.


Não tenho como agradecer a vossa presença e carinho inigualável.

Dos presentes recebidos, as palavras e os sorrisos foram os mais comovedores.

Tiveram a capacidade de me estampar um grande 'smile' no rosto.

Vou continuar a visitar-vos sempre que possa e ler-vos com a atenção merecida.
Tanto que me ensinam.


Por agora é tempo de limpezas, arrumações, recuperar da emoção e continuar...
* Beijos *