Finalmente foi dia. Valeu a pena esperar!
Vi 'Florbela', filme inspirado na vida de Florbela Espanca.
As palavras, na nossa bela língua, sem legendas, prenderam-me ao écran do cinema as 2 horas. Queria mais...
- Uma certeza: Ser mulher, com todas as suas inquietações, dúvidas, intimidades, é igual no sec.XX, no sec. XXI ou noutro qualquer.
- Uma dúvida: Para se ser génio, é preciso sofrer tanto assim? Não o sou porque ainda não padeci o suficiente?
- Uma constatação: Senti-me, completamente, compreendida nos desassossegos da Florbela. O feminino, sempre presente, conduziu-me à identificação. As lágrimas visitaram-me, de mansinho, sem convite.
- Um aplauso de pé: A magnifíca interpretação de Dalila do Carmo. Do que conhecia gostava, desta feita fiquei fã. Julie Roberts, cuida-te, tens concorrência.
As frases: Do mano: " O amor só é amor quando se deixa de ter medo".Da Florbela: " Não sei viver, Pai".
Como não sei viver nem escrever deixo que a Florbela Espanca viva, escreva e fale por mim:
Diz-me, Amor, como Te Sou Querida
Dize-me, amor, como te sou querida,
Conta-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arranca-me dos pântanos da vida.
Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito,
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito
Que me salve e levante redimida!
Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem ternura,
Agonia sem fé dum moribundo,
Grito o teu nome numa sede estranha,
Como se fosse, amor, toda a frescura
Das cristalinas águas da montanha!
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
Conta-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arranca-me dos pântanos da vida.
Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito,
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito
Que me salve e levante redimida!
Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem ternura,
Agonia sem fé dum moribundo,
Grito o teu nome numa sede estranha,
Como se fosse, amor, toda a frescura
Das cristalinas águas da montanha!
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"