O prazo de validade é coisa recente!
Os mais novos não pensem que existe desde sempre tal como a net e coisas similares.
Dantes, assumia-se que as coisas se estragavam e os sentidos ajudavam a detetar alguma deterioração. Quase parecia que tudo duraria para sempre.
Ou, pelo menos, fazia-se de conta que era o percurso 'normal'.
A todos os níveis, partia-se do princípio de que as coisas se gastavam até ao fim. E este fim era um processo a que nos habituávamos.
Como tudo muda, surgiu o fascinante conceito do 'prazo de validade'.
Como todos sabem, os produtos, os serviços, os costumes e até, as pessoas têm prazos de validade.
De prazo curto, como os iogurte, até mais dilatados como os dos carros, dos cursos superiores, por exemplo.
Tudo tem o seu tempo e fruto de modas mais ou menos massificadas.
Veja-se o exemplo do 'jogging', casar, ter filhos, amamentar, ser virgem, os sapatos, eu sei lá...o que imaginarem.
No panorama humano as coisas não são muito diferentes.
Tempo para ser criança, para ser adulto e todas as outras fases em que teimamos emprateleirar-nos.
Temos de estar atentos porque podemos passar à fase seguinte e se os estereótipos não se cumprirem podemos ser penalizados (socialmente e não só). Perdemos a validade e fica-se desadequado ou imprestável.
Como o tempo é impiedoso, os tempos são curtos e se hoje já podemos votar, amanhã seremos velhos para mudar (ou arranjar) de emprego.
No meio desta emaranhado de datas e prazos que se esgotam e caducam num piscar de olhos, estão as relações amorosas.
Estas também vivem marcadas pelo efémero.
Ninguém espera ter uma relação para sempre, um marido, um filho, um amigo para sempre. Sabe-se de, forma intuitiva, que as coisas duram o que duram.
Então o amor gasta-se, o divórcio acontece, o filho antipático e ingrato encaminha-se para o outro progenitor ou familiar e se os amigos deixarem de ser divertidos arranjam-se outros.
Não vale a pena discutir muito, continuar amante de velharias e sentimentos ultrapassados.
Eu remo contra esta maré.
Sou dinossauro.
Acredito que os prazos de validade só fazem sentido nos produtos alimentares e medicamentos.
Apesar da ideia generalizada de que as coisas se gastam depressa e desta forma, é dispensável o esforço para que seja doutra forma, eu acredito que as pessoas não possuem prazo de validade e muito menos os afetos.
As pessoas mudam, os sentimentos alteram-se, a vida é uma constante mudança!
Mas, sem prazos de validade, por favor!