São deixou cair os olhos sobre as unhas fuchia, recém-pintadas.
Uma prova do seu esmero e busca da perfeição naquele encontro ansiado. Voltava a relembrar eventuais 'descuidos' enquanto o carro desfilava na 'passerelle' da auto-estrada.
Senão, vejamos: depilação feita, o perfume adornava-lhe o pescoço e os pulsos, a roupa casualmente bem estudada, nos lábios sentia o veludo do batom e os cílios negros eram-lhe devolvidos no espelho que baixava em olhar apressado.
'Tudo bem!' - pensava. Não se podia dar ao luxo de ter um acidente e muito menos um incidente.
Em monólogos anteriores a convicção na promessa de deixar a ansiedade e o nervoso da antecipação de fora.
Só atrapalharia.
Para São, Manuel era-lhe uma voz confiante, humorada e sempre com resposta pronta. Recordava-lhe os olhos esverdeados da fotografia que olhara uma infinidade de vezes e a letra em palavras desenhadas nas cartas enlaçadas na sua caixa secreta.
Muito antes da hora, São descobre o local combinado. Aproveita os raios solares e descansa os sentidos na brisa mansa, da manhã, que lhe enche a alma.
Não se preocupa.
Deixa que Manuel a adivinhe no meio do quotidiano azafamado dos transeuntes.
Brinca consigo própria. Estava prestes a mudar...talvez. O instinto dava-lhe certezas, a educação precaução.
Um sorriso apanhou-a de surpresa.
Que ironia!
Lá estava Manuel, a olhá-la, imóvel e com a felicidade estampada no rosto.
São levantou a mão onde o rosa das unhas fazia aceno à materialização da fantasia.
O cenário parou, bem como o relógio.
Atraídos pela aproximação física deixam que os corpos lhes sirva um banquete de boas-vindas.
São deixou cair os olhos sobre Manuel e não mais soube deles.