Nada é meu.
Tudo é mera ilusão,
quimera da vida
no empréstimo
do sopro vital,
ser-se na validade do relógio.
Despe-se o calendário
em meses fora moda,
mudam-se pensares
ao sabor de outras marés,
em carrossel que anda,
gira no mesmo local.
Sucedem-se pessoas,
novidades oferecidas
com vale aprazado
e eu acredito:
É meu.
Ingénua suposição,
espectro de sonhos acalentados
no que apreendi,
do que me contam
Urge acordar,
despertar,
soltar fantasmas de posse
que me tomam
para que despida do 'ter'
possa ser eu,
talvez.
Não sei,
nunca o descobri,
sou, apenas, mais uma pétala
de flor deitada ao vento.
Que tenho eu?
Um punhado de nada,
uma mão cheia de tudo,
quem sabe?
Mergulhada em desassossego,
só quero ter-me . . .