segunda-feira, 20 de junho de 2022

nada Querer


 O reparo descia-lhe pelo regaço

em espera descuidada,

como criança inocente

lambuzada por doces proibidos.


Que lhe importava?


Pois se tudo 

nunca bastava,

quedava-se 

em imperfeições,

de moldes múltiplos.


Permitia as vozes oferecidas,

os humores de outros,

tamanhos que não lhe serviam,

águas de fontes forasteiras.


Até aquele último reparo 

foi acolhido,

na sua indiferença cuidada.


Era ferida em sangue

zelada pela firmeza

de não aquietar-se

com receios estéreis,

envolta numa serenidade saudável

de tudo esperar e nada querer.

sábado, 18 de junho de 2022

orvalho



Nasce a manhã,
em aveludado começo,
promessa de um Mundo,
em vida orvalhada,
qual frescura tenra,
prenhe de flores,
sementes 
e da tua pele.

E esse Novo 
transborda de vigor,
pois 
se tua pele é corpo,
por explorar,
acabado de nascer
no orvalho.

Vem,
meu querido,
aninha-te em mim,
colhe a minha
 sede e fome de ti.

Deixa,
meu amor,
que o orvalho
seja nosso amigo,
confidente,
nesta madrugada
onde te nasces
e eu te amo.