Quisera eu . . . . . . cachos dos teus beijos, impossível o contentamento de um só. . . . revoada de teus desejos, céu pintado na cor da tua vontade. . . . chuvada de teus olhos, banho que me despe corpo e alma. . . . laçadas dos teus abraços, nós cegos que se querem mais apertados. . . . loucuras desmesuradas, doce perdição do 'sim'. . . . ramos do teu cheiro, nuvens perfumadas por onde gosto de me perder. . . . punhado do teu corpo, manjar com sabor a pouco. Neste ser conjuntivo, fora feliz na dúvida, navegara por incertezas de ti, apertara teu amor que se fizera meu, sentira outro 'eu' na ausência de outros tempos.
Numa visita por uma das séries que gosto de repetir, alguém perguntava:
- 'Afinal, quantos Grandes Amorestemos na vida?'
E outro alguém respondia:
- 'Com sorte, talvez UM?'
É óbvio que isto é tema que me deixa pensativa.
Vivemos num mundo onde a palavra AMOR é empregue a gosto e sem limitações.
Mas, UM GRANDE AMOR?
Daqueles onde somos capazes do inimaginável, onde o egoísmo não tem entrada, é coisa de magnitude única.
Podemos referir que paixões onde despimos todo o nosso 'eu' e por vezes, a não correspondência às nossas expectativas, nos deixam devastados.
Entregas desmesuradas onde o amar não basta e se reclama o 'ama-me'.
Ou os sentimentos por filho(s) ou algum familiar ou amigo especial.
Também há casos de princípios, causas defendidas até à morte.
Serão casos de GRANDES AMORES?
Ou apenas manifestações do Amor, puro e simples?
Haverão tais distrinças?
O factor SORTE é crucial nesta questão?
Até onde depende, únicamente, de nós?
Não é o Amor um só?
Na dúvida, vou (tentar) fazer de cada Amor . . . UM GRANDE AMOR !
(A Contabilidade amorosa será, na certa, uma ciência desprovida de exatidão e a matemática deficiente nas suas adições, subtrações, multiplicações, divisões e potências que mexem no nosso coração.
Quer-me parecer que ainda se terá de inventar aparelho para tais medições. . .)
O Dicionário atribui como significado de maluco: Desequilibrado, louco, doido alienado, demente, desatinado, insano, insensato e por aí fora, sempre dentro desta linha controversa.
Pondo de lado questões de foro patológico que também carregam similar adjetivação, confesso que desconheço a linha que separa os equilibrados dos insanos.
A história, a situação única de cada individuo, hábitos sociais ou até a subjetividade tornam a maluquice realidade adquirida ou desvario a desvalorizar.
Por vezes, sinto-me maluquinha na medida em que perceciono todo um mundo onde não me encontro nem me reconheço.
Racionalmente, sei que assim não o é.
Até porque tenho pessoas que me trazem vezes demais a terra e a maluquice acaba por me ser um luxo raro.