quarta-feira, 24 de agosto de 2016

! espantos !


Quanta carícia por sentir,
quanto beijo por trocar,
quanto amor impossível!

Como é oca a regra,
o costume de tudo tutelar!

Como são tantos os arrepios por acontecer
e ingratas as vãs ilusões !


Como pode o teu corpo não conhecer o meu !

Vagueam cheiros teus por ares que não respiro,
sussurros e palavras doces por ouvir !

Sei-te de cor,
em imaginação só minha,
como música continuada,
onde tu és instrumento,
o ritmo da melodia,
e eu
o teu amor !



fagilidades



Silencioso o suspiro sem 'ai',
em delicadeza própria de flor,
como pegada de fada.

Frágil o olhar sem rogo,
em querer mais e mais,
como gelo em dia de sol.

Delicada a boca sem sustento,
em vontades esfaimadas,
como abismo sem fundo.

Terno o corpo sem mácula,
em convenções a cumprir,
como prisioneiro de si.

Afável a volúpia sem ti,
em sentir amorável,
como se fora real.


fagilidades



Silencioso o suspiro sem 'ai',
em delicadeza própria de flor,
como pegada de fada.

Frágil o olhar sem rogo,
em querer mais e mais,
como gelo em dia de sol.

Delicada a boca sem sustento,
em vontades esfaimadas,
como abismo sem fundo.

Terno o corpo sem mácula,
em convenções a cumprir,
como prisioneiro de si.

Afável a volúpia sem ti,
em sentir amorável,
como se fora real.


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Com todo o meu coração


Crua a rocha
em que piso
e faço caminho.

São céus e terras
por onde me eternizo
nesse amor
sem limite
que me consome 
e alimenta.

Rasgo no horizonte
um olhar faminto
de quem tem sede,
de quem tem fome.

Anseio desvairado,
este meu querer-te
de corpo,
alma e mente,
como seta certeira
de Cupido sem freio.

Cruzo serranias,
universos e invernias
só para te ver,
só para te beijar,
com todo o meu coração
por ti despojado.

Fria a sorte do
que me quer mal,
da sombra de trevas
proibida em mim.

Basta-me o fogo desenhado
nas cinzas da memória
por onde te és,
onde te procuro
e te amo,
com todo o meu coração.


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

. . . chovo-me . . .


Fragmento-me no todo de mim,
por entre o assobio do vento,
nas asas do sonho.

Quimero-me na flor por nascer,
em semente espalhada por aí,
no acaso de acontecer.

Orvalho-me no coração descansado,
em ritmos que me ultrapassam.

Pequenizo-me no gotejar dos meus risos,
das minhas alegrias,
canseiras e maroteiras.

Chovo-me sem pensar, a dar em doida com tanta alternativa,
com tanto chão por pisar,
e ... eu,
sem saber.

Sou-me assim,
meio minha,
meio sem pertença,
errante e perdida,
no mimo do amor que procuro
para me bastar.




sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Fantasia




No rasgo do tempo
sopram saberes enrugados
ou ainda por acontecer.

São fases sem Lua,
apenas respostas com chave
de livros em branco.

É o mapa de se ser
como mar revolto
de vagas rebeldes
e marés em carrossel.

Longínquos e antigos conhecimentos
de barbas branqueadas em verões sucessivos,
pios eruditos de aves fantasiosas
navegam em ingénuas infâncias
do que está para lá da vida
com causas e efeitos por adivinhar.