De manhã, Madalena acordou, como de costume, com o chilrear alegre de passarinhos que tinha escolhido de entre os múltiplos sons e melodias do seu despertador novo.
Era sexta feira. Apetecia-lhe o fim de semana. Não obstante a surpresa, imprevisível, de véspera, conseguira progredir no trabalho de casa e sentia-se bem disposta.
Enquanto sentia a água morna do duche percorrer-lhe o corpo, transportou-se no tempo. Sem dar conta, encontrava-se a jantar (o primeiro encontro com «S») na companhia do atrevido Santiago. De inicio, tinha aceite a contragosto.
Não fazia o jeito dela. Sempre fora uma rapariga e uma mulher decidida, sem problemas em usar a palavra 'não'. No entanto, com Santiago balanceou e a indecisão conduziu-a a um 'sim' à proposta de jantar.
Não fazia o jeito dela. Sempre fora uma rapariga e uma mulher decidida, sem problemas em usar a palavra 'não'. No entanto, com Santiago balanceou e a indecisão conduziu-a a um 'sim' à proposta de jantar.
Após aquele rendez-vous, muitos outros se lhe seguiram. De conversa fluida e agradável, depressa escorregou para o apaixonar-se, perdidamente, e não viu motivos para contrariar tais sentimentos.
Sentia-se correspondida e sem impedimentos à vista, entregou-se ao amor, sem reservas, em forma de Santiago.
Foram cerca de três anos de namoro, até Santiago lhe propor viver com ele. Mais três anos de vidas partilhadas, em espaço comum.
Madalena era cautelosa e sempre controlara as suas relações amorosas anteriores. Desgostos de amor? Não o tinha permitido.
Com Santiago era diferente. Confiava e doava-se como nunca o fizera.
Ele era o Homem da vida dela.
Ele era o Homem da vida dela.
Planeavam a vida em conjunto até Santiago começar a manifestar alguns sinais de irritação por coisas minímas, sem importância. Pelo menos para Madalena, visto do que ele se queixava eram banalidades, meras trivialidades.
O shampoo a arder nos olhos recuperou-a do tempo e trouxe-a para a realidade. Reparou, pelo canto do olho, que já estava atrasada.
Secou rápidamente o cabelo castanho, da cor dos seus olhos, vestiu o conjunto branco de linho, delineou os olhos, engoliu os cereais mais depressa do que gostaria e pôs-se a caminho. O trabalho não podia esperar.
(continua)