Por entre céus e mares
perco o pé de terras firmes.
Sou novelo
do fio do tempo,
emaranhada
no turbilhão
das águas do meu pensar.
Sou assim,
onda sem chão,
gota soprada
em ventos de 'outroras'
por onde me alheio.
Em oceanos desassossegados,
sem costa à vista,
dissolvo-me
na tempestade molhada
do mar alto,
onde me deixo afogar
na esperança de dar à costa,
noutros continentes,
em hemisférios por desvendar.
Por mares a que chamo meus,
nada mais sou,
mulher inquieta,
perseguida por adamastores
de pulsos adornados
com relógios
que me enlouquecem.
Pois, se entre estes
céus e mares me perco,
neste abandono de água,
que acusação me tem o tempo
ao não desviar o seu olhar
do nevoeiro por onde me habito?
Oh! Tempo!
Não te quero!
Solta-me das tuas correntes
e deixa-me ser no meu mar,
onde sonho a areia
da minha pegada,
o desaguar em praia
banhada da ternura
de quem tu sabes
para morrer em maré cheia
dos beijos dele.
Pérola