Não!
Não me quero equilibrada,
Não me quero equilibrada,
certinha
ou bonitinha.
Nada do bem parecer
me basta.
Encontro-me no desacerto,
entornada,
no meu transbordo,
para lá
do que é suposto,
para além de mim.
Sou aquela
que quer sempre mais,
mais de tudo,
intimidade,
essência
ou ousadia.
Não caibo em lugares perfeitos,
arrumados e catalogados.
Quero-me em desalinhos
próprios do sorriso,
do prazer
e da fantasia
de me ser
feliz.
Atrevo-me nas veredas
varridas pelo Sol,
por onde florescem flores selvagens,
como eu,
sem canteiros,
limites ou fronteiras.
Não!
Não quero estradas alcatroadas!
Descalça,
permito-me sentir a erva húmida,
o solo irregular,
o pulsar selvagem
da vontade
que há em mim.