A cumplicidade sempre tinha estado presente e conseguiam entender-se através de pequenos gestos involuntários, de olhares, enfim conheciam-se duma forma genuina e insubstituível.
Samara afastava os fantasmas que tinham regressado do seu passado: a rejeição da família, a intolerância que não conseguia perceber.
Por outro lado, o carinho com que era rodeada na familia adotiva ajudavam-na a superar pensamentos sombrios e liquidar qualquer assombração.
O jeito sonhador de Luís continuava a proporcionar-lhe momentos de riso. Desfazia-se em histórias de animais que nos íltimos anos povoavam o seu universo universitário no seio do Hospital Veterinário.
Tinham em comum o gosto pela vida, a saúde e trocavam conhecimentos.
Dentro em pouco seriam profissionais e ambos pretendiam regressar para a cidade perto das Mimosas onde esperavam poder ajudar, cada um na sua área.
Num dos passeios pelos campos coloridos, Luís traz a mão de Samara na sua como já era habitual.
Porém, desta vez, o rapaz pára e olha profundamente os olhos negros de Samara.
Esta até se asustou com o sério semblante. A brincadeira e o olhar alheado eram mais habituais na sua face.
Luís aproxima-se da face de Samara e deposita-lhe um leve beijo nos lábios.
Acrescenta: 'Sei que não é a melhor altura...mas, adoro-te, aliás, estou apaixonado por ti...queres ser minha namorada?'
(continua)