Cada batida do coração
apressa-se sem destino,
forma nós,
estrangulamentos de garganta,
que me asfixiam
como se fora só pulsar,
fragmentada na dúvida.
Com a distância de permeio,
hesito no limiar de te ver.
Ergo o braço,
logo contrariado,
em pensares de receio,
e se não me queres ver?
Bato?
Não bato?
Fixo os olhos no batente.
buscando resposta
em demanda sem juízo,
procurando-te,
o teu beijo já ali.
Ronda-me a avultada tentação
nos momentos
de palpitação acelerada
onde sou vontade e desejo.
Finco os pés
no pórtico de ti,
sinto-me inteira,
na proximidade do 'quase'.
Prestes a explodir,
sou vencida na incerteza,
deixo-me enlouquecer,
viro as costas,
não quero saber.
Não sei onde estou,
quem sou,
para onde vou.
Sou espírito de outros natais,
espectro transparente
por entre gentes que não me vê.
Cada batida do coração
corre na luta de chegar
à tua porta,
bater e,
simplesmente ,
'Estar em Casa'.