quinta-feira, 29 de setembro de 2016

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* Gastam-se as palavras?

* Desbotam as interrogações quando lavadas em exclamações?

* Desaparece o ponto final na viragem do parágrafo?

* Pode o silêncio falar mais do que qualquer verbalização, imagem ou escrita?

* Vive-se na paragem das vírgulas da vida?

* Escorremo-nos no corpo das reticências?

* São as aspas sombra ou luz?

* Tendemos para o equilíbrio quando somos o ponto e a vírgula?

* Explicações são precisas em pontos encavalitados?

* Não sei, ponto.



quarta-feira, 28 de setembro de 2016

mulher


Mulher, senhora de si,
rocha firmada em areias movediças,
dona de raízes,
caules 
e botões a desabrochar.

Dama, vestida de lady,
nudez frágil a quem sabe ver,
rainha de nadas, 
coisas algumas,
por acontecer.

Princesa, sem príncipe,
contradição por legendar,
espera inquieta, 
desassossegada, 
no quê, 
porquê e porque não.

Mulher, insana,
carência florida em pétalas já desfolhadas,
leve no excesso de se ser,
de se querer ser,
em sonho de outro.

domingo, 25 de setembro de 2016

beach, please



Faço ninho,
em areia beijada pelo mar,
com fragilidades
recolhidas por ali.

São desejos entrançados,
sonhos em forma de teto,
 apetites espalhados pelo chão.

Monto tenda,
sem cimento ou tijolo,
em atrevimentos suspirados,
sem medo ou ideal,
como acampamento por agora.

É a tua praia
que me chama,
o salgado da tua pele 
por provar,
as linhas do teu corpo 
por escrever.




quinta-feira, 22 de setembro de 2016

sem mãos


Faço o mundo
com uma mão cheia de nada
e outra vazia de tudo.

Tenho na mão
um punhado de alguém,
flores de outras sementeiras,
pedaços de outras partes.

Floresço-me por entre dedos
nascidos por aí,
em raízes íntimas
da natureza em germinação.

Sou-me vida bravia,
perdendo-me e achando-me
na palma da mão,
minha ou, talvez, não.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

na lua


Esconde inventos,
mitos e precauções.

É mistério, 
segredo ferrolhado,
tão profundo,
nem tem chão.

Segreda possibilidade,
demora e horizonte.

Derrama audácia
como se atrevimento fosse
cautela.

Envolve o meu ser 
em neblina que ninguém sopra.



terça-feira, 20 de setembro de 2016

permitir-se


Não sei se ouse, não.
Atrevo-me e depois vem de lá
o dedo apontado, o juízo
sem contar com a culpa.


No verbo permitir habita
a coragem, a audácia 
e o sorriso.

Há caminho aberto,
eventualidades
e aventuras anfitriãs.

Viver sem permitir-se
é como rio sem foz,
ave em gaiola,
mar sem maré,
sol sem dia.

Permito-me.

Há que permitir-se
sob pena do vazio
do aconchego,
 da acomodação,
de se ser por inteiro.

Dou-me permissão 
para permitir . . . ouso, pois claro.


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

das pérolas



E porquê o fascínio das pérolas?- poderiam perguntar alguns.

Bem, para começar o meu nome de batismo tem a ver com elas:


Depois, a pérola é fruto duma irritação dum ser vivo, a ostra.
É interessante constatar como as coisas belas podem surgir de rejeições e obstáculos, não acham?

Por outro lado, quem não gosta de pérolas?
Sejam elas 'originais', de cultura ou mesmo de plástico.

Tornaram-se  um acessório indispensável nos pertences da maioria das pessoas.
Se observarem bem, de certeza que terão algo como a madrepérola ou mesmo pérolas bem perto de vocês.

Confesso que gosto muito delas e, de quando em vez, até me sinto uma delas.

Para além do mais, 
mulheres da blogosfera, 
na dúvida...usem (sempre) pérolas
ou não fossem elas apropriadas para toda e qualquer ocasião.




sexta-feira, 16 de setembro de 2016

como cascata


Como gota atrás de gota
assim se cascatam sonhos
de beijos por provar,
de pele por cheirar.

São despenhos de desejos,
vontades encadeadas,
em catadupas gananciosas,
de te querer,
como rio atordoado 
na deságua do prazer.

Como fiada de pingos,
assim sou eu,
correria,
cascata sem leito,
salto no desconhecido,
buscando teu mar.

Caprichos à sorte,
vertidos no apetite
de conhecer teu sabor.

Queda ousada,
de quem nada perde,
como cascata apaixonada.