sábado, 31 de maio de 2014

Do Blog



Fico sem jeito, pois fico.
Fico contente, pois então.
Fico a sorrir e muito.

E não é que o Super Mega Querido Alberto me consegue surpreender?


Que não restem dúvidas: Ser Blogger pode ser muito Bom.
Pode ser ? Não.
É muito bom !

Não é que o meu amigo virtual (com esperanças na realidade) postou um poema meu?
Vão lá espreitar, vão . . .
Faz parte do meu livrinho e nasceu aqui mesmo.


Nunca saberei como te agradecer, Aflores, nunca.



sexta-feira, 30 de maio de 2014

É tempo de . . . cerejas . . .



Empolgas-te no palrear da novidade.
Olho-te por entre sorrisos
e aceno.
Vou vestindo a tua alegria
e abandono-me à tua felicidade.
Tua? 

-Não!
Já é minha.
Nossa, quiça.

Sinto-me bem nestes propósitos,
açambarcada na ventura em que te diluis.
Prossegues no teu desfiar de palavras
e eu nem sei de que se trata.
Importará?

Sei-te prazenteiro,
solto,
doando-me teus gestos,
teu corpo balançando no ritmo das sílabas.

E, eu? 
Acompanho-te nesta dança risonha
onde o sabor a cereja do teu beijo me deixa fora de mim.



quinta-feira, 29 de maio de 2014

Do Mundo e de mim


Penteiam-se quereres desalinhados,
aprumam-se os fios da vontade,
sobram horizontes desmedidos.

É o Mundo  que se agiganta,
provocador na sua beleza,
doce em seus cheiros,
meigo em sons que me falam,
sussurros em diálogo só nosso.




Vem derramar ternura,
um acolhimento arrumado
por onde me escondo
em escassez de  tudo.

Oferece-se em simplicidade virginal
sopra-me convite,
como beijo materno
na  despedida do dia.

Cresce em sãos vagares que acenam,
provocando a minha pequenez,
solicitando-me em candeias luzidias.

Puxo linhas que me descosem,
tenho medo,
debato-me neste sumiço sem história.

Abrasam-me contradições,
paixões amarfanhadas na dúvida,
sentires amordaçados por amputações minhas.

Num rasgo sem tempo,
penteada em raio de luz, 
cresço,
ganho forma 
e dou ordem:
" - Quero o Sol e a Lua."




Do Amor - Chico Buarque




EU TE AMO
"Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora 
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios 
Rompi com o mundo, queimei meus navios 
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas 
Já confundimos tanto as nossas pernas 
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão 
Se na bagunça do teu coração 
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido 
Meu paletó enlaça o teu vestido 
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos 
Teus seios inda estão nas minhas mãos 
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás só fazendo de conta 
Te dei meus olhos pra tomares conta 
Agora conta como hei de partir."


Chico Buarque



quarta-feira, 28 de maio de 2014

mulher (?)



Quem és tu, mulher?

Nasceste e logo te soldaram,
na forja,
em ferro de tradição,
prisioneira de costumes que chamas teus.

Arrastas filhos na bainha da saia,
somes-te por entre horas,
perdes-te no tempo,  
consomes-te em vidas alheias,
alimentas-te desse pão que sonhas amor
e nem sempre sabes de ti.


Quem és tu, mulher?

Grito debruado a rosa,
dor só tua,
 na pequenez do feminino.

Mensageira de vida,
transparência delicada,
quantas vezes renunciada,
menosprezada na essência de te seres.

O lamento é tudo que me resta,
meu molde é parecido ao teu.

Desata esse nó.
Desobriga-te de leis enfermas.
Vai . . . e leva-me contigo.


terça-feira, 27 de maio de 2014

Não sei se te peça . . .



Desliza por mim,
escorre-te sobre minha pele,
goteja teu néctar,
enche-me de  ti.

Vem verter-te,
transborda-me em tuas mãos,
derrama teu olhar na minha nudez,
torna-me ébria de ti.

Deixa brotar a nascente do desejo,
flui na corrente que se adensa,
entorna-te na paixão,
despeja-me em suspiros.

Peço-te esse gole de vida,
o teu querer que me espraia,
essa chuva de espasmos,
não sei  se te peça . . . teu elixir.



segunda-feira, 26 de maio de 2014

Da polinização



Quisera eu
vestir vermelho,
ser estigma paciente,
viscoso,
açucarado na espera.

Embargado pela troca  de cor,
quis o pólen alhear-se de mim.

Neste desencontro,
de estames levados no vento,
e carpelos meus,
protegidos pelo azul que vesti,
sou diferente.

Ventura triste,
a desdita de querer ser mar,
céu sem horizonte.

Infecunda no desuso do tom,
teimando sonhar outras tintas,
fiquei só,
na demora que me secou
na polinização que me rejeitou.




sexta-feira, 23 de maio de 2014

Recortada





Já retalho
dou passagem ao recorte.

Fragmento-me em pedaços menores,
rendilhados como bordado
que se quer fazer bonito.

Resto-me,
assim,
migalhas de mim,
excertos do feto
obrigado a ser mulher.

Sou intervalo,
mero reflexo do condicional,
do que poderia ser,
esmiuçada em análises,
pensamentos censurados.

São estares,
seres,
nunca iguais,
recortada em dobragens,
formando figuras diferenciadas
ao sabor do ângulo da tesoura.

Cortada,
recortada,
na alma,
no corpo,
sou assim,
a modos que incompleta,
desenhada no tempo,
na espera do recorte em remate.


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Por entre marés



Cruzo esta maré que cresce no teu olhar.
Pois se és praia onde desagua a minha baía,
espuma que me beija o corpo.


Inundas-me em ternura líquida,
derramada por mim
como banho de onda.

Brinco nas tuas areias raiadas de sol,
solto pegadas 
que guardas no teu chão,
salpicado de conchas.

Abres-me os braços na gaivota que passa,
corro por este mar fora
ao teu encontro.

Só quero mergulhar no teu sorriso,
ser devorada por esse olhar,
maré da minha perdição.



terça-feira, 20 de maio de 2014

- Como Estás ?



Não sei que te diga.
Posso despedir 'um estou bem',
interrogar-me 'no ótima',
talvez explodir 'o que te interessa?'.
Não sei mesmo,
as palavras esqueceram-me.
Fiquei, por aqui,
abandonada,
em morada corroída,
no tempo,
pela ferrugem,
em cicatrizes rejeitadas,
com cheiro a bafio,
deitada sobre um desalento desarranjado.

Visto umas lamentações,
pertences meus,
mastigo a má vontade
e sinto-me enjeitada.
Mau feitio, o meu.
Aborrecida,
entediante para lá do possível.

No teu virar de costas,
ceguei-me na pequena luz
que dançou no bater de porta.
Acendeu-se faúlha do fogo que fui.
O corpo sentiu o desconforto 
em que me tornei.
Arrepiou-se-me a pele
no  choro de me ser.

Atalhos asfaltados de vontades antigas 
aqui me trouxeram.
Buscarei veredas de anseios por estrear,
deixarei que o apetite me guie,
pois estou magra de tudo,
à mingua . . . não sei do quê.



domingo, 18 de maio de 2014

Com sede . . .


Tenho sede.
Minha boca agonia-se nesta aridez,
na secura duma areia desértica,
na fragilidade exangue da vida.

Busco fresquidão.
Minha língua afadiga-se no travo a pó,
acordando o entorpecimento do sabor,
em trajeitos esforçados.

Sonho banhar-me.
Concedo-me licença para te procurar,
em rios de águas frescas,
mares molhados,
salpicos húmidos.

Encontrei-te.
És fonte, nascente da minha saciedade.
Matas-me a sede e por ti me orvalho.
Minha boca desenfreada
entrega-te minha língua sem forças.

Tomo viço.
Renasço no teu aguar,
inundo-me em ti
e rendida,
de sedes extintas,
gosto.




sexta-feira, 16 de maio de 2014

Pingo-me



Em folha de poeta sou impureza,
borbulha na face da vida.

Pedaços de mim pingam um borrão
de silhueta inconsistente.
Sou eu.
Mancha no poesia do amor,
um senão ferido,
esboço do querer.

Lanço redes ao rascunho
que se dilui,
meus fragmentos suplicando serem versos.

Quero ser palavras,
sentar-me na beira do afeto,
sossegar-me em cama de escritor,
fazer sentido,
apetecer-te,
ser lida,
 tão somente.

Mulher, rima ou letra,
não importa o quê.

Sonho cair,
pingando, 
nas tuas trovas,
ser maior que esborratadela.

Talvez cobice vestir o canto do meu sentir,
melodia que sopra
por entre teus escritos.
Talvez . . .
Fantasio habitar a gota da tua inspiração,
vertendo-me ,
ao derramar as lágrimas de me ser.



quinta-feira, 15 de maio de 2014

terça-feira, 13 de maio de 2014

Desconexa missiva



Escrevo-te, meu amor.

Sirvo-me dum qualquer papel,
invisível,
onde somente os vocábulos se fazem ouvir.

São fogo que ainda arde,
chamas que me consomem.

Revejo-me em teu olhar,
desapressado,
em que sossegas
a pressa do meu.

Sinto-te o toque desalinhado,
a fusão de mim em ti.

Sabes,
a saudade pica-me,
toma-me o corpo 
e o ardor não passa.

Estou perdida,
nesta familiaridade
 que ainda se faz presente,
de ti 
em morada desconhecida.

Por entre estas linhas,
enlouqueço 
no fulgor da lembrança,
na incerteza da tua volta.

Despeço-me 
em ânsias
 pelo teu beijo abrasado.
Dou-te 
todo o calor do meu sangue,
o coração que não quer ser cinzas.

Amor meu, respondes-me?


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Sobro-me !


Sou tão pequena!

Não cabem em mim
desejos,
vontades,
dúvidas,
inquietações
e ainda mais  . . . desejos.

Sou assim!

A modos que acanhada.
Pigmeu perante o gigante do meu querer.

Não me caibo.
Não me sirvo.
Sobro-me !


sexta-feira, 9 de maio de 2014

× Da Mentira ×




É um daqueles temas, em que à primeira vista, estamos todos de acordo:  
" - A mentira é péssima e não pode fazer fazer parte da minha vida, de todo. 
Recuso-a e abomino-a! "

Concordo que a verdade deverá(ia)ser um constituinte da nossa vida e esta dançaria na melodia dos solfejos, em escala de veracidade, com notas sinceras e em tempos exatos.

Contudo, como em (quase) tudo, a realidade está a distâncias que variam com as pessoas e situações concretas.


Tal como outros 'males' da humanidade, a mentira faz parte da nossa vida.
Não há volta a dar-lhe.
Independente aos nossos clamores por honras virtuosas,
somos todos acossados pela 'vil' mentira.
Até me quer parecer que nos está no genes.

Há-as piedosas, as sem-querer, as sem intenção, as do mal menor, as que não querem magoar o outro, as intencionais, as maldosas, as cobardes, as que derivam doutras, . . . 

E que levante o braço quem nunca mentiu !
Alguém ? ? ?


Por princípio, faço parte da maioria, não gosto e odeio quando me metem.
Porém, o tempo, a vida ou seja lá o que for tem-me ensinado que tudo é sujeito de relatividade.
Logo, a mentira terá os contornos com que a desenharmos e terá menor ou maior importância de acordo com a história de cada um, hábitos sociais, modas e medições de gravidade que dependem, igualmente, do fator medida e do medidor.

A acrescer a esta interação (convém não esquecer o que mentimos a nós próprios) temos que somar outros factos como o perdão, o tentar entender 'porquês' e mais um rol de entidades que nos deixam os nervos esfrangalhados.

Viver não é tarefa fácil nem linear e sem manual de instruções pode tornar-se doloroso.
Como gostaria de habitar a certeza, até mesmo com a mentira como senhoria!



terça-feira, 6 de maio de 2014

A tua boca


São procuras destravadas
em atalhos húmidos
de arruinadas delimitações.
Que me importam as leis
perante a braveza dos teus lábios?!

São imperativos suplicantes
em encadeamentos sem nó
de apetitosas explorações.
Que me importam outros linguajares
se eu conheço de cor a tua língua?

São rasgos de inconsciência
em estados de êxtase
de agrados impudicos.
Que me importam outras bocas
                                                                                se só com a tua me sacio?

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Pedido



Serve-me um banquete de meiguice,
doces de tantas cores,
ternura a extravasar copos erguidos.

Não te acanhes e vem.

Dá-me um abraço,
beija-me o sal dos olhos,
não me deixes.

Permite-me que te ofereça fragilidades,
aceita-as,
são-me demais.

Hoje só quero mimo,
o afago dos teus dedos,
o colo do teu corpo,
o embalo do teu olhar,
o agasalho do teu pensamento.

Agarra-me sem favores
e enlaça-me, 
tão somente, 
na minha totalidade.

Não permitas que me vá,
o esfaimado desvario espera-me,
mas eu quero saciar-me em ti.