O espelho devolvia-lhe uma imagem irreconhecível. Nunca lhe tinham sido apresentados aqueles fios de cabelo prateados. As minúsculas rídulas na face, tinham-se instalado, sem ter sido convidadas. Através do reflexo vislumbrava a sua tez firme, os olhos brilhantes e crédulos da sua juventude. O que não daria para tornar a esses tempos. O tempo, impiedoso, teimava-lhe em recordar a sua passagem. Construia paredes em volta para não abrigar o companheiro indesejado. Mergulhava em cremes, vestia-se jovialmente. Remédio sem frutos. O que cruamente via, tinha de ser aceite. Os dias continuariam a passar e não poderia consentir que a nostalgia assentasse arraiais. Pressentia que pouco faltava, estando na mesma posição, para que as saudades fossem desta imagem que não parava de a olhar. No entanto, sem reação, continuava, mirando-se ao espelho, analisando...
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