sábado, 2 de junho de 2012

Crónic@s No Feminino ( parte XVI )

Sem se aperceber, Madalena transpunha para a vida, quotidiana e pessoal, tiques da profissão de advogada: a organização metódica, o aproveitamento de todos os segundos, a objectividade, a racionalização, a argumentação, a definição de estratégias, a  preparação prévia para evitar surpresas desagradáveis.
Apesar disso, esta dualidade em si: mulher ultra sensível, mas capaz de um comportamento resoluto, enérgico e decidido.
Parecera-lhe coerente a análise de Sandra. Porquê adiar ou evitar o encontro?
Bem, não tinha sido 100% sincera com a amiga. Não lhe confidenciara o quanto ainda desejava Santiago. Um segredo que pretendia manter escondido até de si própria.
Tinha-se obrigado a esquecê-lo, todavia dava conta que, bem no seu íntimo, nunca o houvera esquecido. O amor permanecia lá, intocável.
A desilusão apoderara-se dela, é certo. Arranjara uma estratagema e tinha conseguido limpá-lo da sua vida.
Mas, não podia mentir a si mesma: ao revê-lo, todos os sentimentos, todas as vontades tinham (re)surgido como se o tivesse  visto na véspera e nunca houvesse fratura.
Chegou a casa! Misto de alívio e de ansiedade. Impunha-se a serenidade. Os sentidos não a permitiam. 
Tomaria um relaxante banho na sua banheira de hidromassagem.
Usaria o aroma de baunilha que não se atrevera a cheirar desde a noite que saíra, intempestivamente da casa já não mais dela.
(continua)

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