As nuvens corriam velozes lá fora.
Ouvia o vento a baloiçar os ramos que desesperavam a segurar as folhas que avermelharam.
Eram filhas que partiam demasiado cedo.
Todos os anos a mãe natureza fazia o seu luto na invernia que se aproximava.
O Sol perdera o ardor e sorria tímido por entre correrias de gotículas que se amontoavam.
Talvez acabassem por lutar e caíssem sobre a forma de chuva esperada.
Como era energia desperdiçada o desejar outro clima, resolveu adaptar-se às circunstâncias.
O telefonema deixara-a apressada.
O encontro inesperado era-lhe apetecido.
Sem perder tempo, o duche percorrera-lhe o corpo tenso.
O hidratante mal espalhado perfumava o ar.
Em poucos minutos o cabelo tinha sido domado e a pele adquirira tons mais saudáveis.
O tom bronzing ficava-lhe bem.
De olhos escurecidos e lábios brilhantes restava-lhe vestir-se.
Já sem a simplicidade do tempo mais quente.
A lingerie servia de base às camadas que começavam a tornar-se necessárias.
Como sempre, as unhas estavam tratadas e em tons vermelho paixão.
Pura sorte!
As meias pretas foram retiradas da embalagem e delicadamente sorriu ao envolver o pé e a perna duma negritude sensual.
Antecipava o momento em que ele lhas arrancaria sem pudor e com pressas amorosas.
Para lhes prolongar a vida . . . calçou-as demoradamente.
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De seguida, enfiou as peças de roupa num ápice e voou para os braços dele que a recebeu com beijo despido.
14 comentários:
Beijos para ti. Que linda poesia. Devias de escrever um livro :) . Um abraço e boa semana.
Julgava que precisavas de ajuda
Para calçares essa meia
Mas quando a coisa está bicuda
Por causa da inveja alheia
Porque estava a noite escura
Entrou em alta velocidade
Não conseguiu fazer a curva
Acordou na maternidade?
É só mais uma brincadeira
Para ver se encontro o mote
Porque falar da vida alheia
Isso é bom para o pagode!
A essa classe não pertenço
Nem tão pouco disso quero saber
Se a tua consideração não mereço
O resta da minha vida triste irei viver!
Já descalcei a meia
Já estou mais tranquilo
Lá no prado de barrica cheia
De manhã cantava o grilo!
Por causa de tanto barulho
Não ouvi tocar o telefone
Enquanto houver trigo há farinha
Ninguém de pão passa fome!
E agora vou para a cama
Até amanhã Pérola amiga
No telhado da cabana
Sopra forte ventania
Toda a noite vou dormir
Até ao nascer do dia!
Um beijo para ti
E viva a alegria!
Eduardo.
Escreves maravilhosamente bem!
Estive a imaginar a cena ;) :) e está confirmado, as meias são a primeira peça de roupa que vcs vestem e a última a ser tirada :))))))))
Estarei errado? :) ;)
Tudo de bom.
Gostei do texto.
Uma boa semana!
Sensual! Intenso!
Fiquei a visualizar...
Beijinhos.
Lindo demais amiga Pérola.
Viajei em todas as palavras que você descreveu.
Obrigada da visita
bjs
Carmen Lúcia-mamymilu.blogspot.com
Ai, ai, ai... que delicia de textos, poesia, poema, sei lá, mas de um encantamento sedutor sem tamanho, uma imaginaçao em forma de desejos.
Bom demais!
Parabens!
bjs
Ritinha
Linda semana.. ótima semana!
Beijo
;)
Um lindo momento de pura sedução onde o desejo se corrompe na mais pura imaginação ondes as palavras nos fazem delirar de ansiedade de tais momentos de paixao,muitos beijinhos querida amiga
Adorei essa demora ao calçar as meias, já a antever o que se iria passar a seguir...tanto tempo para colocá-las, tão pouco tempo para retirá-las...Ah maravilha de situação e de texto!...:-)
xx
Calçar as meias assim, demoradamente, é sensual...sim. Mas também resulta da necessidade de não as romper à primeira. É que as meias são tramadas de finas. :))
que belo encontro!
bj*
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