quinta-feira, 15 de março de 2012

Crónic@s no Feminino 5 #

Por tudo, sempre a mesma explicação. Andava a apanhar bonés, ou melhor à caça de gambuzinos. Não entendia como as hormonas, a idade, a fase ou a adolescência fossem a resposta para aquela amálgama de emoções.
Esgravatava, dentro de si e no folhear  de livros, afincadamente as respostas para suas questões. Queria acreditar que os rótulos não lhe assentavam.
Verdade seja dita, muitas vezes, dava por si a olhar para o espelho e não reconhecer a imagem devolvida. O corpo não era o seu, aquele era de mulher. Ela sentia-se menina. As calças tiveram de ser substituidas, é verdade, porém aquele arredondamento não o tinha como seu. Sentia-se, não desconfortável, tão somente curiosa.  Sonhava com respostas às suas inquietações.
E que dizer das novas reações tidas últimamente? Se não fosse com ela, diria que tudo não passava de exageros.
Como explicar, então, o ficar sem palavras  e com a cara escarlate quando o amigo (tão giro, simpático e inteligente) do nº32 a cumprimentava? Tanta brincadeira em conjunto, tanto sorriso cúmplice e agora, fugia-lhe como o diabo da cruz, apesar de ter  saudades dos tempos a dois.
Não havia como fugir-lhe, a mudança tinha-se instalado, de malas e bagagem, na sua vida e não queria arredar pé.
Suspeitava, sem o admitir, de qualquer jeito, que muitas transformações se avizinhavam.
Não lhe passava pela cabeça que seria, a partir daí, a matéria de que a vida seria feita. Muitos caminhos alternativos lhe iriam ser servidos e as alterações, de qualquer foro, vinham, sempre incluídas.

4 comentários:

Valsita disse...

o desafio dela é conseguir viver em constante mudança... consegue?

Pérola disse...

A pergunta mais importante: tu, consegues?

Valsita disse...

vou tentando....

Pérola disse...

Já somos duas.