DAR versus RECEBER

Cada vez mais somos solicitados para dar, doar, então nestes tempos de crise, nem se fala. Basta sairmos à rua para nos abordarem de mão estendida ou com papelinhos a explicarem uma doença, uma tragédia de fazer chorar as pedras da calçada. Não sou contra o dar, sejamos claros. Na nossa sociedade, trata-se de uma ação cada vez melhor (politicamente correto falando) conotada para vincar  oposição ao egoismo do Homem moderno e o seu materialismo inerente. A solidariedade não é palavra vã!  E, quantas vezes o dar sabe melhor que o receber.

O que me traz hoje aqui é mais o RECEBER.

À primeira vista pode não parecer, mas vivemos numa cultura onde o receber é, mais ou menos, mal visto porque parece encerrar uma humilhação. Sentimento este que todo o ser humano rejeita.

No entanto, eu considero que receber pode ser um ato de incrivel amor. É preciso saber ser humilde o suficiente para saber receber e agradecer, por si só. Diria mesmo que temos de nos educar neste sentido.

Quando se tem, o que custa dar um pouco? (se não formos egoístas, claro está). Mas, e receber com espirito e coração livre? É talvez mais sublime, tocando o divino, diria eu.

Saber receber não é para todos, infelizmente.

Nesta simbiose de DAR/RECEBER fico ainda a pensar no pedir.

Ficará para outra altura porque o Sol chama-me, lá fora, tenho de o acolher, veio visitar-me.