Corria. A respiração descompassada incomodava-a. O relógio, impiedoso, não fazia tenções de abrandar o seu ritmo, imune às preces. Estava atrasada para a primeira aula da manhã e não havia como recuperar os minutos perdidos.
Tinha engolido o leite num trago, vestido a roupa, espalhada pela secretária do quarto, do dia anterior. Nem tempo para passar uma água revigorante no seu corpo. Nada!
Sentia-se suja, cansada e, agora, atrasada. Que mais lhe poderia acontecer?
Verdade seja dita, a culpada era ela. E de que forma a vida fazia questão de lhe lembrar, a cada instante, as suas escolhas e inevitáveis consequências no quotidiano.
Talvez ambicionasse demais. Talvez! Demasiado tarde para repensar prioridades e coisas que tais.
Não se podia dar ao luxo.
Tinha, imperativamente, de continuar a encaixar-se nos horários, a não desperdiçar um segundo sob pena de não cumprir o que tinha estipulado para si própria.
Era prisioneira de si, refém amordaçada dos seus próprios objetivos.
Sabia-o, conscientemente, e, assim, continuava.
8 comentários:
"...Era prisioneira de si, refém amordaçada dos seus próprios objetivos..."
Porque é que as mulheres tendem a ser tão exigentes consigo mesmas???
Beijos
Há mulheres e há mulheres. Todas diferentes e, no entanto, todas iguais.
Talvez porque as exigências da sociedade atual sejam demasiadas e nós deixamo-nos levar, muitas vezes ,sem colocar alternativas. O género feminino quer fazer tudo, chegar a todo o lado. Como diz o ditado: 'depressa e bem não há quem'. Mas os ditados são para ser desafiados e esquecemo-nos, quantas vezes, de nós próprias.
beijinho.
As mulheres são mesmo uns seres formidáveis!
Oh meu Deus...como eu me revejo na descrição. Confessa, andaste a espiar-me? :)
Mesmo formidáveis!
Minha querida tétisq, confesso que não sabia que não podia partilhar. Para a próxima explica-me, tá?
Beijos
Os nossos piores carcereiros somos nós mesmos, de facto....
Deveríamos ser as nossas melhores amigas, mas não acontece sempre. Temos de nos mimar mais. Já bastam os outros para nos julgarem e massacrarem.
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